Gigantes avançam por meio de inovação aberta

Gisele Darbellay. diretora de atendimento da Imagem Corporativa 26 de abril de 2023 3 minutos
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Aconteceu na manhã de quarta-feira (26 de abril), em São Paulo, o European Day 2023, evento organizado pela Imagem Corporativa em torno dos desafios das relações Brasil-Europa para comércio exterior, inovação e ESG. Um dos painéis de discussão trouxe uma conversa provocadora sobre “inovabilidade” liderada por Filippo Alberganti, head de inovação da Enel Brasil, Pablo Cadaval Santos, diretor de pesquisa e desenvolvimento industrial da Suzano e o professor do Insper, Marcelo Nakagawa.

“Com raras exceções, as empresas brasileiras não têm o hábito de inovar”, iniciou o professor, citando “Miopia de Marketing, de Theodore Levitt, como um artigo a ser revisitado de modo permanente. Segundo Nakagawa, de modo geral, as empresas buscam ser as melhores em vendas e as maiores em receita, quando deveriam pensar em como podem fazer diferença em todo o ecossistema do seu setor. É o que tem feito, por exemplo, a Heineken, que não deixou de se preocupar com o market share na categoria de cervejas, mas tem investido em soluções mais amplas para que bares e restaurantes tenham uma gestão profissional – portanto, com mais longevidade.

A Suzano, líder mundial na produção de celulose, é uma das exceções mencionadas pelo acadêmico. Não apenas tem uma área de pesquisa e desenvolvimento interna forte, como abriu no ano passado um fundo de venture capital para financiar startups early-stage que tenham relação com bioeconomia e produtos de floresta plantada. O fundo tem 70 milhões de dólares para aportar, mas ainda não encontrou no Brasil uma empresa com sinergia para seu negócio. A primeira startup acelerada pela Suzano é uma empresa do Reino Unido, a Alltrope Energy, que faz baterias de lítio-carbono e poderá usar matéria-prima da Suzano, retirada das árvores de eucalipto, para produzir carregadores ultrarrápidos.

“A Europa é o nosso mercado mais exigente. Para trabalhar com os países europeus, é preciso comprovar nosso compromisso com sustentabilidade e inovar sempre”, disse Pablo Santos, diretor da Suzano. Na COP 27, Suzano, Vale, Marfrig, Itaú Unibanco, Santander e Rabobank criaram uma empresa florestal para preservação de mata nativa e comercialização de créditos de carbono. Esse tipo de inovação é o que coloca essas empresas na mesa de negociação de muitos clientes internacionais.

Na mesma esteira de inovação está a distribuidora de energia de origem italiana Enel, um dos maiores players mundiais do setor elétrico. A Enel também tem um sistema de inovação aberta com mais de 14 mil startups mapeadas, das quais 585 foram ativadas e 125 estão sendo escaladas. A empresa investiu 203 milhões de reais nos últimos dois anos para pesquisa e desenvolvimento e já vem colhendo frutos desse aporte. Soluções de B2B e B2C que refletem na melhor experiencia do cliente já são reflexo dessa nova cultura de inovação. “Estamos trabalhando forte na digitalização da rede e na descarbonização da produção. Todas as soluções que nascerem com esse propósito são inovadoras”, afirma Filippo Alberganti, head da Enel.

Para o professor do Insper, o que ainda falta às empresas brasileiras não são ideias boas, mas agilidade em implementá-las. Por isso a importância da aproximação das grandes empresas com ecossistemas de inovação. É importante também que as empresas pensem grande e para além dos seus mercados e que haja uma transformação no mindset da liderança.

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