Os líderes das democracias do G7 alcançaram um acordo histórico para fornecer US$ 50 bilhões (R$ 268 bilhões) em empréstimos à Ucrânia, utilizando juros de ativos soberanos russos congelados. Este acordo político foi o destaque do primeiro dia da cúpula anual do G7, realizada em Puglia, no sul da Itália, com a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pelo segundo ano consecutivo. Os chefes de Estado dos países do G7 e as lideranças da União Europeia se reuniram para discutir assuntos urgentes da pauta internacional, como a invasão russa à Ucrânia, mudanças climáticas e a guerra na Faixa de Gaza.
Além do apoio financeiro, Zelensky assinou um novo acordo de segurança de longo prazo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, após ter firmado um acordo de segurança de 10 anos com o Japão. O governo japonês prometeu fornecer a Kiev US$ 4,5 bilhões (R$ 24,1 bilhões) ainda este ano.
Biden destacou a importância do acordo sobre a utilização dos ativos congelados, chamando-o de um “resultado significativo” e enfatizando que é “outro lembrete ao [presidente russo Vladimir] Putin de que não estamos recuando”. O plano do G7 para a Ucrânia envolve um empréstimo plurianual baseado nos lucros de cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) de fundos russos apreendidos, principalmente bloqueados na União Europeia. Os detalhes técnicos do acordo serão finalizados nas próximas semanas, com o dinheiro previsto para chegar a Kiev até o final deste ano, graças às contribuições de todos os estados do G7 — Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Itália.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que “este é um compromisso muito claro que deve encorajar os ucranianos a fazer o que precisam para defender sua independência e soberania”. O objetivo do acordo é garantir apoio de longo prazo à Ucrânia, independentemente das mudanças políticas nos países do G7. Esta estratégia reflete as preocupações de que o candidato presidencial republicano dos EUA, Donald Trump, possa ser menos favorável a Kiev caso vença Biden nas próximas eleições.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também participou do encontro do G7 a convite da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Lula teve reuniões bilaterais com o Papa Francisco e outras lideranças internacionais, fortalecendo o diálogo e a cooperação global.
A Rússia, por sua vez, considera as tentativas do Ocidente de usar renda de seus ativos congelados como criminosas. Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, afirmou que a resposta de Moscou seria muito dolorosa para a União Europeia.
O G7, abreviação de Grupo dos Sete, é uma organização informal de líderes de algumas das maiores economias do mundo: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. A Rússia foi suspensa indefinidamente do grupo, que na época era conhecido como G8, em 2014, depois que a maioria dos países membros se aliou contra a anexação da Crimeia, a primeira violação das fronteiras de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.