Por iniciativa de um governo liderado por mulheres, em breve os homens finlandeses deverão ter direito a quase sete meses de licença-paternidade, o mesmo tempo hoje assegurado às mães. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (5/2) pela ministra da Saúde e Assuntos Sociais, Aino-Kaisa Pekonen.
Hoje, a licença-paternidade na Finlândia é de dois meses, o que já faz dela uma das mais extensas do mundo, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ainda assim, o país pretende estendê-la, e um dos motivos é melhorar a igualdade de gênero, segundo a ministra. “Isso permite uma melhor igualdade entre pais e diversidade entre famílias”, disse.
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Mas há outra razão por trás da proposta: aumentar a taxa de natalidade. Economistas, estatísticos e líderes políticos e empresariais têm manifestado preocupação com o fato de que há cada vez menos bebês na Finlândia. O envelhecimento da população pode representar um risco para o sistema previdenciário e o modelo de bem-estar social adotado pelo país. Esse regime exige reposição constante da população economicamente ativa. São as pessoas empregadas, afinal, que pagam os impostos que bancam os serviços públicos em áreas como saúde e educação.
Exemplos dos vizinhos
A ministra Aino-Kaisa Pekonen integra a coalizão de centro-esquerda encabeçada pela primeira-ministra Sanna Marin. Segundo ela, outros países escandinavos, como a Suécia e a Islândia, conseguiram aumentar a média de nascimentos ao estenderem suas licenças-paternidade.
Ao longo da última década, a taxa de natalidade (número de bebês nascidos vivos para cada mil habitantes) na Finlândia caiu em todos os anos. Em 2010, ela foi de 1,87, segundo a Statistics Finland. A estimativa da agência responsável pelas estatísticas oficiais do país é de que ela tenha encerrado o ano passado em 1,35, a média mais baixa da história. Como o Scandinavian Way registrou em outubro, há previsões de que a população da Finlândia, que é hoje de 5,5 milhões de pessoas, pode começar a encolher já em 2031.