Islandeses ajudam fazendeiros doentes com trabalho voluntário

09 de abril de 2020 3 minutos
Fazenda ovelhas Islândia coronavírus

No fim de março, seis produtores rurais tinham sido infectados pelo novo coronavírus no distrito de Vestur-Húnavatnssýsla, no noroeste da Islândia. Para que as propriedades não parassem, o que comprometeria a oferta de alimentos na região, a associação de agricultores do país convocou a população para ajudar os fazendeiros – e o chamado foi atendido por quase 100 voluntários.

Poucos países têm sido tão bem-sucedidos no combate ao coronavírus quanto a Islândia. Até esta quarta-feira (8/4), das 1.616 pessoas que haviam contraído a covid-19, infecção respiratória causada pelo vírus, apenas seis morreram; a proporção, de 0,38% mortes para cada infectado, está entre as menores do mundo. No entanto, a economia islandesa deve ser seriamente comprometida, já que o turismo, um dos segmentos mais afetados pela pandemia, é justamente a atividade mais importante para o país.

Assim, manter ativa a produção de alimentos ganhou um peso ainda maior; trata-se, afinal, de garantir a segurança alimentar para os islandeses atravessarem a crise nos próximos meses. “Eu fiquei realmente comovida com a forma como o país está pensando nos agricultores e se mostrou pronto para ajudar”, disse a coordenadora do projeto, Guðbjörg Jónsdóttir, ao site Vísir.

Do desemprego ao voluntariado

Segundo ela, entre os voluntários há pessoas que têm experiência em agricultura tanto prática quanto acadêmica. Mas muitos deles são também profissionais da indústria do turismo que ficaram desempregados por causa da crise e decidiriam ajudar. A entidade criou um banco de voluntários para convocá-los assim que uma propriedade rural precisar de auxílio.

O peso relativo do setor agrícola para a economia islandesa diminuiu nas últimas décadas, mas a atividade ainda responde por cerca de 5% do produto interno bruto (PIB) do país. No ano passado, o valor total da produção agropecuária foi de 65 bilhões de coroas (ou R$ 2,3 bilhões, em valores atuais).

A mão de obra dos voluntários será ainda mais necessária a partir do fim de abril, quando começa a temporada de nascimento dos cordeiros nas fazendas que se dedicam à ovinocultura. E não se trata de uma missão trivial, já que, na Islândia, há mais carneiros e ovelhas do que pessoas. Segundo o site Reykjavík Grapevine, em 2017, o país tinha 475 mil ovinos, número que supera o total de habitantes em mais de 100 mil.

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