
O humor dos cidadãos europeus começa a mudar depois de anos de pessimismo. A pesquisa Allianz Pulse 2025 – levantamento anual conduzido pela Allianz Trade, braço da seguradora alemã especializado em análise de risco e seguro de crédito – mostra sinais de recuperação da confiança, ainda que moderada, e revela fortes divisões sobre temas como clima, desigualdade e inteligência artificial. O estudo funciona como um termômetro da opinião pública europeia, acompanhando tendências políticas, sociais e econômicas.
Desde 2017, o pessimismo dominava a avaliação do futuro. Neste ano, porém, a diferença entre os que enxergam o amanhã com desconfiança e os que apostam em melhora caiu para -8,3%, contra -23% no levantamento anterior. A Alemanha puxou a mudança, com queda de 17 pontos percentuais na visão negativa.
Apesar da melhora, as mulheres continuam significativamente mais céticas: em média, 11,8 pontos percentuais mais pessimistas que os homens. O dado reflete desigualdades estruturais, como a diferença salarial de 12% ainda registrada na União Europeia.
O estudo também captou uma disposição crescente a pagar mais por produtos sustentáveis: 17,5% aceitariam acréscimos superiores a 10% nos preços. Entre os jovens da Geração Z, esse número chega a 23,4%, contra apenas 10,3% entre os Baby Boomers.
Quase metade dos entrevistados (43%) defende que a UE atue como uma terceira potência independente, sem alinhar-se a EUA ou China. Ainda assim, 24,1% acreditam ser mais vantajoso aproximar-se de Pequim, contra 15,1% que preferem Washington, uma inversão em relação a 2024.
O reforço da defesa aparece como prioridade para 33,9% dos europeus, mas a redução da dependência industrial segue na frente, com 39,2%. Já a inteligência artificial provoca desconfiança: metade dos entrevistados tem uma visão negativa sobre a tecnologia, sobretudo em Alemanha, França e Áustria. Além disso, 54% acreditam que a IA terá impacto econômico negativo, enquanto apenas 15% esperam ganhos para o mercado de trabalho.