Às vésperas da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, realizada em 17 e 18 de julho em Bruxelas, a ministra conselheira da União Europeia em Brasília, Ana Beatriz Martins, demonstrava especial otimismo em relação ao potencial de ampliação das relações da Europa com a América Latina de forma geral e com o Brasil, em particular.
Ela entende a América Latina como “parceira natural” da Europa em um mundo onde novos desenhos geopolíticos ganham corpo e mútuos ganhos podem ocorrer.
Para Ana Beatriz Martins a retomada da cúpula Celac-EU (o último encontro havia sido em 2015) com uma agenda sólida ampliou as bases para o avanço de outro tema relevante nas relações entre as duas geografias: o acordo comercial Mercosul-União Europeia, que vem sendo costurado há vários anos.
“Para nós, é importante reforçar o capítulo da sustentabilidade em todas essas discussões”, define a ministra conselheira da UE.
Ela acrescenta que a assinatura de um acordo, previsto para acontecer até o final do ano, “é mais do que um compromisso no campo do comércio e atinge outras dimensões”, tais como variáveis políticas, de cooperação e mesmo na esfera da educação.
Ana Beatriz Martins calcula os efeitos benéficos de um acordo Mercosul-UE, comparando-os com o de outro player de peso que tem apostado pesado na América Latina. “Cada 1 bilhão de euros que investimos geram 12 mil empregos, enquanto o mesmo valor investido pela China gera metade disso”.
Quatro anos depois de chegar a Brasília e na espera de nomeação para uma nova missão em outro continente, a ministra conselheira da UE define como “extraordinária” sua experiência em um Brasil de grande riqueza étnica e cultural. E destaca a resiliência do país, que atravessou as dificuldades da pandemia e uma polarização política que, embora continue existindo, parece perder força depois de momentos sensíveis como os acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília.