Uma Europa autossuficiente em energia renovável parece algo tirado da ficção científica, mas não é. De acordo com um estudo do Instituto Potsdam, essa é uma realidade alcançável. Porém, é um objetivo que levaria décadas de investimentos supermassivos pelas potências do Velho Mundo.
A instituição, que tem como objetivo promover ações e realizar pesquisas sobre impactos climáticos, publicou recentemente um relatório contendo essas afirmações. O documento afirma que todo o processo para tornar a Europa autossuficiente em energia renovável duraria mais de uma década.
A orientação é a de que os países consigam ampliar o uso de matrizes renováveis de maneira massiva até 2030, na ordem de 20% ao ano. Em 2022, 38% de toda a eletricidade na Europa vinha de fontes renováveis, sendo as principais a solar e a eólica.
Os prognósticos soam bons se levarmos em consideração que, em 2021, a utilização de energia solar e eólica bateram recordes, ultrapassando até mesmo o gás natural, fonte primária de consumo durante muitas décadas naquele continente.
Energia que vale trilhões
Segundo o estudo, seria necessário investir 140 bilhões de euros por ano até 2030. Depois, mais 100 bilhões por ano, nos dez anos seguintes, até 2040. O montante, estima-se, seria de 2 trilhões de euros gastos nesse período, o que seria o equivalente a R$ 10 trilhões na cotação de hoje.
Além dos valores, as grandes dificuldades técnicas se encontram na necessidade de transformar e converter os atuais equipamentos de geração – alimentados por petróleo e outros combustíveis fósseis, poluidores – para que possam trabalhar em modo de produção renovável.
Há uma intenção de esforços para o aprimoramento das fontes de energia solar e eólica, das quais já falamos, bem como outras técnicas que ainda necessitam de desenvolvimento tecnológico e científico, como a utilização do hidrogênio e da fusão nuclear.
Essas cifras parecem ser muito dinheiro, e são mesmo. Os valores anuais estão próximos de 75% de todo o orçamento atual por ano da União Europeia (UE), o que leva os analistas a crerem que uma parte considerável desse investimento terá de partir da iniciativa privada.
Diante disso, o estudo faz uma ressalva: estima-se que os países da Europa tenham mobilizado cerca de 792 bilhões de euros em 2022 para manter a estabilidade do mercado energético e proteger os consumidores da crise gerada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.