De acordo com um relatório divulgado pela World Meteorological Organization (WMO) e pelo Serviço Copernicus de Mudanças Climáticas da União Europeia, durante 2022, várias nações da região tiveram seu ano mais quente já registrado.

Calor extremo, seca e incêndios florestais, ondas de calor marinhas, derretimento de geleiras sem precedentes – o relatório State of the Climate in Europe 2022 mostra que décadas de aquecimento acelerado tiveram impactos de longo alcance na região.

“O verão foi o mais quente já registrado: as altas temperaturas exacerbaram as severas e generalizadas condições de seca, alimentaram violentos incêndios florestais que resultaram na segunda maior área queimada já registrada e levaram a milhares de mortes associadas ao calor”, disse o secretário-geral da WMO, Petteri Taalas.

Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Espanha, Suíça e Reino Unido tiveram seu ano mais quente no ano passado e o verão na Europa foi o mais quente já registrado. A temperatura média anual de 2022 para a Europa ficou entre a segunda e a quarta mais alta já registrada.

Com precipitação abaixo da média em grande parte da região em 2022, a França teve o período mais seco de janeiro a setembro, e o Reino Unido teve o período mais seco de janeiro a agosto desde 1976, com consequências na agricultura e na produção de energia.

As reservas de água da Espanha diminuíram para 41,9% da capacidade total até 26 de julho e as geleiras na Europa perderam cerca de 880 quilômetros cúbicos de gelo de 1997 a 2022. Os Alpes foram os mais afetados, com uma redução média na espessura do gelo de 34 metros. Em 2022, as geleiras dos Alpes experimentaram um novo recorde de perda de massa em um único ano, desencadeada por baixas nevascas no inverno, um verão extremamente quente e depósitos de poeira do Saara.

O derretimento da camada de gelo da Groenlândia contribuiu com cerca de 14,9 mm para o aumento médio global do nível do mar. E de acordo com avaliações científicas, continuou a perder massa durante 2022, disse o relatório da WMO.

As temperaturas médias da superfície do mar no Atlântico Norte foram as mais quentes já registradas e grandes porções dos mares da região foram afetadas por poderosas ondas de calor marinhas. As taxas de aquecimento da superfície oceânica, particularmente no leste do Mediterrâneo, no Báltico, no Mar Negro e no sul do Ártico, foram mais de três vezes a média global.

Esperança verde

O relatório também destaca as implicações dos padrões climáticos extremos da Europa para a oferta, demanda e infraestrutura do sistema de energia da Europa.

Mas, em sinal de esperança para o futuro, as energias renováveis ​​geraram mais eletricidade do que o gás natural no ano passado. A energia eólica e solar geraram 22,3% da eletricidade da União Europeia em 2022, enquanto o gás natural representou 20%.

“Pela primeira vez, mais eletricidade foi gerada por energia eólica e solar do que por gás fóssil na UE. O aumento do uso de fontes de energia renováveis ​​e de baixo carbono é crucial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis”, disse Taalas.