Europa deve priorizar pesquisa e inovação para impulsionar competitividade

23 de janeiro de 2025 3 minutos
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A posse de Donald Trump nos Estados Unidos dá cores mais vivas à necessidade de a União Europeia acelerar soluções para seus principais desafios, que vão da questão energética ao sistema de defesa do bloco. Nesse contexto, o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, apresentou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o relatório “O Futuro da Competitividade Europeia – Uma Estratégia de Competitividade para a Europa“. O documento enfatiza a urgência de ações coordenadas para evitar uma estagnação prolongada e promover a recuperação sustentável do bloco.

O relatório oferece uma análise detalhada das fragilidades econômicas da União Europeia em relação aos seus principais concorrentes globais, destacando fatores como o envelhecimento populacional, o baixo investimento privado em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e a burocracia excessiva que limita a inovação. Draghi ressalta que, sem mudanças estruturais e maior apoio a setores de alta tecnologia, o bloco corre o risco de ampliar a distância em relação às economias mais dinâmicas do mundo.

Para enfrentar esses desafios, Draghi propõe que a UE mobilize entre 750 bilhões e 800 bilhões de euros anuais em investimentos adicionais, elevando a taxa de investimento de 22% para 27% do PIB. Essa mobilização exigiria uma combinação de financiamento público e privado, além de reformas estruturais para facilitar investimentos em setores estratégicos.

Entre as recomendações específicas, destacam-se:

Revisão das políticas de concorrência: Adaptar as regras para permitir a formação de “campeões europeus” capazes de competir globalmente, considerando a modernização das políticas de concorrência para se alinhar às novas realidades do mercado global.
Fortalecimento da política industrial comum: Desenvolver estratégias que integrem sustentabilidade, digitalização e coesão social, promovendo setores de alta tecnologia e reduzindo dependências externas.
Simplificação regulatória: Reduzir a burocracia e aplicar rigorosamente o princípio da subsidiariedade, permitindo que decisões sejam tomadas de forma mais eficiente e próxima dos cidadãos.

O relatório também alerta contra a adoção de práticas financeiras arriscadas, enfatizando que, embora seja necessário aumentar os investimentos, a UE deve evitar seguir os Estados Unidos em políticas financeiras excessivamente liberais que possam comprometer a estabilidade econômica.

A apresentação deste relatório gerou debates significativos entre os Estados-membros da UE, especialmente em relação às propostas de emissão conjunta de dívida e flexibilização das regras de concorrência. Alguns países manifestaram preocupações sobre o aumento da dívida pública e a potencial concentração de mercado que tais medidas poderiam acarretar.

Em resposta, a presidente Ursula von der Leyen reconheceu a urgência dos desafios apontados e indicou que a Comissão Europeia está comprometida em analisar as recomendações de Draghi, buscando um equilíbrio entre a necessidade de impulsionar a competitividade europeia e manter a estabilidade econômica e social do bloco.

 

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