
A Europa está prestes a alcançar um crescimento recorde na capacidade de seus centros de dados em 2025. Segundo um estudo da CBRE (Coldwell Banker Richard Ellis), empresa global de consultoria imobiliária, o continente adicionará 937 megawatts (MW) de capacidade, um aumento de 43% em relação a 2024, impulsionado principalmente pela crescente demanda por serviços de computação em nuvem e inteligência artificial (IA). O avanço reflete a digitalização acelerada de diversos setores e a busca por infraestrutura robusta para suportar o processamento de grandes volumes de dados.
Os principais hubs europeus—Frankfurt, Londres, Amsterdã, Paris e Dublin—continuam liderando a expansão e serão responsáveis por 57% da nova capacidade instalada. No entanto, mercados secundários como Milão, Varsóvia e Berlim estão emergindo como alternativas estratégicas para grandes empresas do setor, que buscam diversificação geográfica e regulamentações mais flexíveis. Essa descentralização reflete tanto a saturação dos grandes mercados quanto as limitações impostas por governos locais.
Em cidades como Amsterdã e Dublin, por exemplo, as autoridades vêm restringindo a construção de novos centros de dados devido ao alto consumo energético e impacto na infraestrutura urbana. Essas barreiras levaram empresas a explorar novas regiões, como Escandinávia e Europa Oriental, onde há maior disponibilidade de energia renovável e incentivos fiscais mais atrativos.
A expansão dos centros de dados está diretamente associada a um aumento significativo no consumo de eletricidade. Atualmente, essas instalações já respondem por cerca de 3% da demanda total de energia na Europa, e a expectativa é que esse percentual suba para 3,2% até 2030. A necessidade crescente de energia levanta preocupações sobre a capacidade dos países europeus de sustentar essa demanda sem comprometer seus compromissos climáticos.
A IA tem sido um fator determinante para esse crescimento. Grandes modelos de IA exigem processamento intensivo e servidores operando continuamente, o que eleva os custos energéticos e pressiona a rede elétrica. A crescente escassez de capacidade de fornecimento já levou algumas regiões a limitar novas implantações de data centers.
Para mitigar os impactos ambientais, as empresas do setor estão investindo em soluções mais sustentáveis. Tecnologias de resfriamento avançadas, reaproveitamento do calor gerado pelos servidores e a ampliação do uso de energia renovável são algumas das estratégias adotadas. A União Europeia também vem pressionando o setor a melhorar sua eficiência energética e reduzir emissões de carbono.
Há iniciativas para transformar centros de dados em fontes de calor para cidades. Em locais como Estocolmo, o calor residual gerado pelos servidores já está sendo canalizado para redes de aquecimento urbano, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Impacto regulatório e futuro do setor
Apesar do crescimento expressivo, o setor enfrenta desafios regulatórios que podem afetar o ritmo da expansão. A Comissão Europeia tem buscado equilibrar o avanço da infraestrutura digital com a necessidade de controle ambiental, o que pode resultar em normas mais rígidas para novos projetos.
O aumento da concorrência entre regiões europeias também pode impulsionar mudanças nas políticas fiscais e regulatórias, tornando alguns países mais atraentes para investimentos. Além disso, à medida que IA e cloud computing se tornam ainda mais centrais para as operações empresariais, a demanda por infraestrutura de dados deve continuar em alta, exigindo novas abordagens para garantir eficiência energética e segurança cibernética.