Euforia e preocupação marcam os produtores de chocolate da Europa

30 de dezembro de 2024 3 minutos
Europeanway

Um dia antes do Natal, o conglomerado turco Yldiz Holding, que detém a marca de chocolates Godiva, anunciou que deixará suas operações no turismo de luxo para concentrar-se no varejo e na indústria de alimentos. Dona de uma das marcas mais glamourosas de chocolates do mundo, a holding já havia anunciado, em 2019, que quintuplicaria a receita da marca belga até 2025 baseada, principalmente, na abertura de lojas Godiva pelo mundo, começando por Nova York.

Outra gigante europeia, a Nestlé, também vem renunciando a ativos para concentrar-se em mercados-alvo, como o chocolate e rações animais. Há um mês, a Nestlé anunciou a criação de uma unidade de negócios independente para suas marcas de água premium, como Perrier e S.Pellegrino, a partir de 1º de janeiro de 2025. Essa medida pretende melhorar o desempenho operacional e explorar oportunidades de parceria, podendo ser um prelúdio para uma futura venda ou cisão desse segmento.

Nestlé, Ferrero, Lindt, Mondelez, Cémoi e Trapa – as estrelas europeias — vivem o mesmo momento entre euforia e preocupação. Se por um lado o mercado de chocolates premium cresce graças à mudança de hábito dos consumidores e ao investimento em inovação, por outro lado sabe-se que a escassez de matéria prima bate à porta. A África periga não conseguir atender mais a crescente demanda por cacau e soma-se a isso toda a questão ética em torno de como as plantações lidam com a sua mão de obra. Por lá, nem todo cacau é doce….

Segundo levantamento do Mordor Intelligence, em 2022, o mercado europeu de chocolate foi avaliado em aproximadamente USD 44,76 bilhões e projeta-se um crescimento anual composto (CAGR) de 4,79% até 2027. Globalmente, o mercado de chocolate está projetado para crescer de USD 145 bilhões em 2023 para USD 185 bilhões até 2030, com um CAGR de 4,5%. A Europa, com sua rica tradição de chocolaterie, desempenha um papel significativo nesse crescimento.

O mercado internacional espera que, além da consolidação da Europa, o Oriente Médio e a África Oriental surjam como regiões com crescimento mais rápido, atribuído à crescente procura de chocolates premium e especiais entre a população da classe média. Países nessas regiões como Guiné-Bussau, Gana e Costa do Marfim já vivenciam um aumento nos investimentos estrangeiros na produção e instalações de processamento de cacau, levando a melhores infraestruturas e produtos de maior qualidade. Resta saber se a Sustentabilidade não vai ceder ao lucro. E se a exploração da matéria prima segue de forma ética e responsável.

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