Especialista critica ações de soberania alimentar na Europa

Raphael Ferrari, gerente de atendimento da Imagem Corporativa 26 de abril de 2023 3 minutos
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European Day, realizado pela Imagem Corporativa, debate cadeia de valor do agrobusiness e necessidade de repensar financiamento do setor

 Os debates sobre soberania e independência alimentar na Europa seguem na contramão do que seria necessário para garantir segurança alimentar à crescente população global, que deve atingir 8,5 bilhões já em 2030. Ao menos essa é a opinião da CEO da Croplife International, Emily Rees, que analisou os desafios regulatórios na produção de alimentos na União Europeia e o potencial de impacto no comércio de produtos agrícolas brasileiros na região durante o EuropeanDay – evento da Imagem Corporativa realizado em São Paulo no dia 26 de abril.

“O que estamos observando no debate do pacto verde europeu é uma estratégia alimentar conhecida como ‘Farm To Fork’. Uma política, infelizmente, voltada para dentro, que ignora o papel da União Europeia para a produção de alimentos para o mundo, particularmente para alimentar Oriente Médio e África”, avalia Rees. “Não é um sistema justo. Seus objetivos irão reduzir a produtividade e a exportação para um mundo que precisa de mais alimentos”, completa.

A especialista que representa produtores europeus como Basf, Bayer e Syngenta, entre outros, criticou a postura do bloco e a criação de leis com base exclusivamente em padrões europeus que, segundo ela, “não necessariamente são adequados ao resto do mundo”. Este olhar unilateral, ainda de acordo com Rees, tem impactos sobre a economia global e contribuem para o aumento da insegurança alimentar, que hoje já aflige quase 800 milhões de pessoas. “Precisamos de políticas comerciais que facilitem o comércio de forma consistente e que blocos como a União Europeia também assumam suas responsabilidades de produtividade, de forma a continuar suas exportações agrícolas para o resto do mundo”, adverte.

O papel do Brasil neste novo cenário é de destaque. Apenas no passado, a produção agrícola brasileira atingiu R$ 1,2 trilhão, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária. Café, cana de açúcar, algodão e milho representam 44% do valor produzido. Mandioca, mamão, feijão, laranja e outros cítricos também foram destaque.

“O Brasil faz parte dos países mais avançados em inovação agrícola e tem um papel de protagonista nesta nova ordem mundial”, afirma Rees, que classifica o país como “potência de segurança alimentar no modelo tropical”. Produzindo, portanto, alimentos que não crescem em climas temperados, como o da Europa.

A CEO da Croplife ainda destaca que a conflituosa realidade global, pontuada por frequentes tensões geopolíticas e a invasão russa na Ucrânia, destacam a necessidade de repensar o olhar unilateral atualmente predominante na Europa em prol de uma abordagem global, com políticas positivas e financiamento adequado para os desafios que se desenham.

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