Nos últimos tempos, um fenômeno tem sacudido o mercado de luxo na Europa, afetando gigantes como Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga e outras marcas renomadas. O que muitos chamam de “Efeito China” tem se manifestado de maneira intensa, levando a uma queda significativa nas vendas dessas marcas e influenciando diretamente o desempenho de seus respectivos grupos, como Kering e LVMH.
A segunda maior economia do mundo tem enfrentado desafios econômicos, com uma desaceleração associada e uma queda prolongada no mercado imobiliário. Esses fatores têm afetado o sentimento do consumidor chinês, que agora parece menos propenso a gastar em produtos de luxo.
O resultado é claro: as ações do grupo Kering caíram até 15% em Paris, enquanto a LVMH registrou uma queda de mais de 3%. O impacto não se limita apenas a esses gigantes do setor. Outras marcas de renome, como Richemont e Burberry, também viram suas ações serem afetadas, com quedas de até 6%.
Para a Kering, a situação é especialmente desafiadora. A marca Gucci, sua principal fonte de receita, enfrenta uma queda de quase 20% nas vendas no primeiro trimestre, principalmente devido ao declínio na região da Ásia-Pacífico. Isso reflete uma tendência mais ampla de desaceleração do mercado de luxo na China, onde o consumidor está restringindo os gastos.
O ambiente econômico na China é um fator chave nesse cenário. A deflação persistente tem sido uma preocupação, com os preços ao consumidor estagnados ou até mesmo em queda nos últimos meses. Embora o Índice de Preços ao Consumidor tenha apresentado sinais de recuperação em fevereiro, ainda há incertezas sobre a sustentabilidade desse movimento.
Diante desses desafios, a Kering está implementando estratégias para revitalizar suas marcas e impulsionar suas receitas. A mudança de gestão anunciada no ano passado reflete o compromisso da empresa em enfrentar esses tempos difíceis e reverter a situação. O foco principal está na recuperação da marca Gucci, que desempenha um papel crucial no portfólio da empresa.