Os populistas em todo o mundo têm o dobro ou mais de chances de acreditar em teorias da conspiração facilmente confrontadas por evidências científicas ou fatos. Essas falsas "descobertas" incluem a "teoria" de que a Terra é, na verdade, plana, a de que vacinas causam males como o autismo e a de que o aquecimento global é uma farsa. Só não inclua dinamarqueses e suecos nessa lista: eles estão entre os menos populistas entre todas as nações pesquisadas, segundo levantamento divulgado na última semana pelo jornal britânico The Guardian.
De acordo com a pesquisa, apenas 7% dos entrevistados dinamarqueses se disseram adeptos de discursos populistas, o que colocou a população dinamarquesa como a que menos acredita nesse tipo de conteúdo – ou, dito de outra forma, pôs a Dinamarca como "campeã" no levantamento. Em segundo ficou o Japão, com 9%, e a Suécia, com 11%.
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Segundo o Guardian, entre os 19 países pesquisados, os populistas mostraram “probabilidade consideravelmente maior de aceitar a visão de que o sistema político de seu país está ‘quebrado’ e precisa de ‘mudança total'”. Eles também confiam menos na televisão e outros canais de notícias e consomem informação majoritariamente por redes sociais como Facebook, Twitter, YouTube e WhatsApp, “onde, como se sabe, as teorias de conspiração florescem”, relatou o jornal britânico.
Entre as teorias em que os populistas acreditam, segundo a pesquisa, estão a de que “a aids foi inventada pela CIA", que há contato entre autoridades com alienígenas sem conhecimento do público e que a contagem de mortos do Holocausto foi exagerada. A pesquisa foi realizada com 25 mil pessoas. Os 19 países pesquisados representam 60% da população mundial.
Para cientistas políticos ouvidos pelo Guardian, há “razões para esperar uma relação próxima entre algumas teorias da conspiração e o populismo – que tipicamente envolve a crença de que as elites amorais estão em conluio, explorando pessoas comuns para seu próprio interesse.”
O Brasil foi o país em que mais pessoas se disseram adeptas de discursos populistas. Ao todo, 42% dos entrevistados revelaram acreditar em teorias da conspiração, como a "farsa" do aquecimento global e informações disseminadas apenas nas redes sociais.