
O Governo espanhol lançou recentemente o “Plano Profarma 2025-2026”, cujo objetivo é transformar a Espanha em um líder europeu em produção farmacêutica e desenvolvimento de medicamentos; fortalecer o emprego qualificado; atrair maior investimento estrangeiro; estimular a colaboração público-privada e reforçar a segurança de abastecimento de medicamentos, reduzindo a vulnerabilidade do país frente a crises globais.
Em outras palavras: o governo quer transformar o país em hub farmacêutico europeu, atraindo investimentos bilionários e se projetando como fabricante estratégico para a União Europeia.
O programa liderado pelo Ministério da Indústria e Turismo também reduz as tarifas pagas pelas farmacêuticas ao governo à medida em que elas investem mais em tecnologia individualmente ou em consórcios de Pesquisa e Desenvolvimento. O plano dá maior ênfase ao papel dos centros de inovação digital, incentivando o uso de dados e aprendizado de máquina para impulsionar a inovação e o desenvolvimento de medicamentos.
Empate técnico na produção
Espanha e Brasil aparecem bem próximos no ranking global da indústria farmacêutica — ambos entre os 10 maiores mercados, com faturamento em torno de US$ 31–32 bilhões cada. Mas há diferenças estruturais que explicam por que a Espanha vem sendo mais falada internacionalmente, sobretudo na Europa.
Enquanto os brasileiros estão voltados mais para o mercado interno e a fabricação de medicamentos genéricos e de baixo custo, os espanhóis são fortes em exportação, com US$ 13,3 bilhões exportados em 2024. Por aqui, apenas 0,5% da nossa produção vai para fora. Laboratórios históricos espanhóis como Faes Farma, Grifols, Esteve e Rovi estão se internacionalizando a partir de aportes de gigantes como AstraZeneca, Sanofi e Novartis.
Investimentos em P&D na indústria farmacêutica equivalem a 18% de toda a inovação industrial espanhola, algo incomum em outros setores. O país ganha relevância por estar dentro da União Europeia, que hoje busca autonomia estratégica em saúde especialmente frente à concorrência dos EUA e da China.
De acordo com o Vision Research Reports, o ranking das indústrias farmacêuticas é liderado, na ordem, por Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Depois vêm França, Itália e Reino Unido e depois deles, Espanha e Brasil. Enquanto o Brasil permanece como um polo de consumo relevante, mas ainda limitado em exportações e inovação industrial, a Espanha vem conseguindo se posicionar como hub estratégico europeu, convertendo sua base local em plataforma global de competitividade.