A Europa, que é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tem adotado várias medidas para barrar a degradação em suas cadeias de suprimentos com objetivo de combater as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.
Reconhecendo seu papel no desmatamento importado, a União Europeia (UE) está atualmente se preparando para reduzir os impactos de suas importações. Embora a área florestal esteja aumentando na Europa, impulsionada pelo fenômeno de fazendas cada vez menores, essa notícia positiva deve ser ponderada em relação à perda de florestas causada pelas crescentes importações agrícolas da UE em países terceiros, um fenômeno conhecido como “desmatamento importado”.
A UE se destaca como um dos principais comerciantes mundiais de produtos agrícolas. Estas incluem commodities como óleo de palma, carne bovina, cacau, café e soja, cuja produção está associada ao desmatamento nos países exportadores. O fenômeno do desmatamento importado não é exclusivo da UE, pois globalmente as áreas tropicais perdem aproximadamente 10 milhões de hectares de floresta anualmente, enquanto as áreas temperadas ganham cerca de 5 milhões de hectares por ano.
Dos 10 milhões de hectares perdidos anualmente, quase dois terços são atribuídos inequivocamente à expansão agrícola, enquanto o terço restante resulta de incêndios florestais, extração de madeira e outros fatores. Aproximadamente um terço da perda total de florestas está ligado ao comércio internacional. O combate ao desmatamento importado pode ter um impacto significativo na preservação global de árvores.
Reconhecendo a urgência do problema, a UE está tomando medidas para mitigar os impactos de suas importações. Após a aprovação de um relatório pelo Parlamento Europeu sobre o desmatamento importado, a UE está se encaminhando para a implementação de regras, tanto obrigatórias quanto voluntárias, para abordar a questão. Alguns países membros, como a França, já estabeleceram estratégias nacionais para combater esse fenômeno.
O combate ao desmatamento importado exige uma abordagem abrangente, começando pela capacidade de quantificar e monitorar o fenômeno. Cadeias de rastreabilidade complexas são essenciais para rastrear a origem de produtos como madeira, envolvendo colaboração entre serviços alfandegários e empresas privadas.
Outro desafio é determinar a linha do tempo relevante. Produtos derivados de áreas que substituíram florestas décadas atrás ainda devem ser considerados responsáveis pelo desmatamento importado? Estabelecer uma data limite para desconectar produtos importados do desmatamento é uma consideração crucial.
Além disso, a questão da degradação florestal não pode ser ignorada. A definição de limites para a cobertura arbórea varia entre os países, introduzindo complexidade na avaliação do desmatamento importado. A escolha desses limites torna-se crítica, influenciando se estas transformações significativas são ou não classificadas como desmatamento.