
O coaching – ou a chamada mentoria executiva – é o terceiro serviço de carreira mais procurado por futuros alunos de escolas de negócios, segundo o relatório Tomorrow’s MBA, do grupo de pesquisa britânico CarringtonCrisp. Apenas os serviços tradicionais de Recursos Humanos — como aulas de desenvolvimento de carreira e avaliações de habilidades — foram mais populares na pesquisa. “A demanda é particularmente forte entre nossos clientes de cursos personalizados. Frequentemente, eles querem tempo para refletir sobre o conteúdo das aulas. Tornou-se uma questão de aprender a ser líder”, afirmou Sue Dopson, professora de comportamento organizacional na Oxford Saïd Business School.
Nas Américas, o termo “coaching” virou sinônimo de desconfiança — frequentemente confundido com autoajuda de palco, discursos vazios e promessas milagrosas. Mas essa caricatura diz mais sobre a distorção cultural do que sobre a prática em si. O coaching executivo sério, como é aplicado nas principais escolas de negócios do mundo, não tem nada de improviso: inclui método, escuta qualificada e impacto real.
Outro estudo da CarringtonCrisp, com cerca de 10 mil alunos de educação executiva de 1.100 organizações, revelou que 71% acreditam que o coaching individual é hoje um elemento-chave para transformar aprendizado em ação prática.
Cerca de metade das organizações entrevistadas haviam usado coaching para apoiar suas equipes nos dois anos anteriores, e dois terços dos alunos disseram que o coaching foi “muito” ou “extremamente valioso” para manter e ampliar o impacto do treinamento executivo.
A pesquisa reflete algo maior: a crescente importância do bem-estar pessoal nas funções de liderança. Muitos executivos queixam-se da solidão do alto escalão que, aliada à pressão por resultados e enormes cargas de responsabilidade, levam a instabilidades da saúde mental. Há a percepção de que, no ambiente turbulento de hoje, simplesmente atualizar o conhecimento gerencial já não é suficiente para enfrentar os desafios.
O público típico do coaching individual são executivos seniores que enfrentam ambientes muito complexos — e que precisam se reinventar para interagir melhor com as novas gerações. Mas, nas escolas de negócios, o coaching executivo é cada vez mais visto pelos profissionais iniciantes como uma ferramenta para ascensão na carreira.
O que diz a Psicologia
Um estudo publicado na suíça Frontiers in Psychology analisou 20 pesquisas com rigor metodológico e concluiu que o coaching executivo tem um impacto significativo em comportamentos, atitudes e características pessoais. Os resultados indicam que o coaching é eficaz em promover mudanças comportamentais, especialmente em atividades cognitivas, além de melhorar a autoeficácia, o capital psicológico e a resiliência dos participantes. Isso quer dizer que o trabalho de um bom profissional tem reflexos não apenas no mundo corporativo, mas na vida pessoal.
O crescimento no número de coaches, apontado pela International Coaching Federation também levou a um aumento na receita anual total do segmento, estimada neste relatório em US$ 4,564 bilhões/ano, um aumento impressionante de 60% desde 2019.
Quase metade de todos os profissionais de coaching (48%) são da Geração X, e os Millennials representam um em cada 10 globalmente, de 21% na Europa Oriental para 8% na América do Norte e 7% na Oceania.
Houve um aumento de 15% em relação a 2015 no número de mulheres coaches em todo o mundo (72%), possivelmente devido aos desafios e adaptações necessários durante a pandemia. A maioria dos clientes de coaching (58%) também são mulheres.