
Desde o ano passado a Europa desenha ações integradas em diferentes áreas para responder a desafios já claramente definidos no horizonte global, nas dimensões econômica, militar, ambiental e de saúde.
Uma dessas iniciativas foi o estudo divulgado em setembro por Mário Draghi, ex-primeiro-ministro italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu, relativo à necessidade urgente de os membros da União Europeia aumentarem a competitividade de seus produtos e serviços em face de um mercado disputado agressivamente por um crescente número de players, especialmente asiáticos. O documento foi considerado um importante wake-up call para os agentes econômicos do continente.
Dois meses depois, a eleição de Donald Trump deixou claro que novos ventos passariam a soprar a partir dos Estados Unidos. Primeiro sinal foi a previsível mudança de rumos no comércio internacional baseada nos princípios protecionistas do “Make America Great Again”, que mudou radicalmente a qualidade do diálogo Washington-Bruxelas.
Além disso, o posicionamento de Trump de que os países europeus deveriam aumentar seus investimentos militares para garantir sua própria capacidade de defesa, sem depender dos recursos americanos nesse campo, gerou novos movimentos bruscos no continente e a rápida rediscussão do tema entre países membros claramente preocupados com o apetite do governo russo pela ampliação de seu território, especialmente depois da invasão da Ucrânia.
Agora esboça-se um novo esforço concentrado dos países membros da UE para neutralizar riscos comuns, desta vez no front ambiental. A Comissão Europeia busca uma cooperação estreita com os ministros da Defesa da UE como parte de um plano de contingência destinado a lidar com futuras crises de saúde.
A estratégia, que deve ser apresentada ainda no mês de julho, define como a UE pode responder de forma rápida e eficaz tanto a futuras pandemias quanto a emergências de saúde resultantes de um eventual guerra química ou biológica.
O plano se concentra em contramedidas médicas e ações complementares capazes de ajudar a proteger ou tratar pessoas durante uma crise de caráter médico ou sanitário, ou uma crise provocada. Essas medidas incluem um amplo leque de alternativas, que inclui vacinas, terapias, diagnósticos e equipamentos de proteção individual (EPI), tais como máscaras especiais.
O plano é construído em torno de três objetivos principais: identificar ameaças precocemente; garantir que os países tenham suprimentos médicos suficientes; acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos, especialmente diante de quadros de resistência antimicrobiana.
A Europa do bem-estar social dá lugar, cada vez mais, a uma Europa desejosa de preservar pelo menos certa camada do ambiente de paz e prosperidade que usufruiu durante décadas, mas sem ter a certeza de poder atingir esse objetivo.