Das conversas iniciais ao acordo, 25 anos e cinco meses se passaram

06 de dezembro de 2024 3 minutos
Europeanway

O dia era 15 de junho de 1999.

A cúpula do Mercosul se reunia em Assunção. Além do anfitrião Ángel Gonzalez Macchi, também presentes os presidentes do Brasil Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem da Argentina, do Paraguai e Juan Maria Sanguinetti do Uruguai. Pela primeira vez a cúpula de um Mercosul criado em 26 de março de 1991 em Assunção discutia o tema de um possível acordo de livre comércio entre o bloco e a União Europeia.

O presidente brasileiro dizia que o Mercosul não iria “pedir nenhum favor à União Europeia” ao longo de possíveis negociações com vistas a um acordo.

Fernando Henrique Cardoso queria deixar claro que o Mercosul não teria forças para se contrapor à manutenção da Política Agrícola Comum, que garantia subsídios e proteção comercial aos produtores europeus. Mas fez questão de destacar que esse modelo protecionista ia “contra a natureza da economia globalizada”.

Palavras do presidente brasileiro no encontro: “Não cabe a manutenção de uma política de tarifas (de importação) elevadas para garantir a proteção a um setor”.

Definiu-se um Assunção uma agenda tentativa: propor o início imediato de tratativas com o bloco europeu ainda em 1999 para poder encerrar as negociações em 2005.

Com o tema da globalização em alta, o Mercosul discutia também, em paralelo, a criação de outro acordo de livre comércio, desta vez focado nas Américas. Idealizado nos Estados Unidos no mandato do presidente Bill Clinton ele previa a implantação, também até 2005, da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), englobando 34 países das Américas do Norte, Central e do Sul. A ideia do projeto era eliminar as barreiras alfandegárias entre os países de todo o continente e incentivar o desenvolvimento econômico conjunto.

A ALCA englobaria a NAFTA, bloco econômico dos países da América do Norte, o Mercosul e todos outros países da região, exceto Cuba. Ambicioso, o projeto não saiu do papel. As conversas foram encerradas em 2005, em grande medida pelo temor de países latino-americanos de que os Estados Unidos, devido ao seu peso político e econômico, acabasse dando as cartas no âmbito do novo bloco.

O então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, afirmava estar confiante no lançamento das negociações do Mercosul com a União Europeia ainda naquele distante junho de 1999. Ele acrescentava estar estabelecendo um diálogo específico com a França devido ao fato de os produtores agrícolas daquele país se mostrarem contrários a um acordo com o bloco sul-americano.

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