A Dinamarca começou a utilizar robôs em uma fase crucial do tratamento dos infectados pelo coronavírus: a de administração do oxigênio. A tecnologia foi desenvolvida pela dinamarquesa O2matic, que já recebe encomendas de todo o mundo. A empresa trabalhou em parceria com o Hospital Hvidovre, da cidade de Hvidovre, na região metropolitana da capital, Copenhague.
Basicamente, o que o robô dinamarquês faz é substituir médicos e enfermeiros no controle do fluxo do oxigênio dado a pacientes internados com a covid-19, infecção respiratória causada pelo novo coronavírus. Ao monitorar os infectados em tempo integral, a máquina consegue detectar o momento exato em que é preciso aumentar ou diminuir a dose.
Como os pacientes recebem fluxos mais precisos de oxigênio, as chances de recuperação aumentam. Além do mais, como o método convencional prevê ajuste manual desse fluxo, a máquina reduz o número de visitas de médicos e enfermeiros aos doentes. Assim, a tecnologia diminui o risco de os profissionais de saúde contraírem a doença.
O robô da O2matic foi usado para tratar pacientes com a covid-19 pela primeira vez no dia 14 de março. Com resultados considerados altamente positivos, as autoridades da Região da Capital – uma das cinco regiões administrativas em que a Dinamarca é dividida – encomendaram 40 robôs para uso na pandemia. Para além desse pedido, a empresa já está se preparando para produzir mais 500 unidades para cumprir as encomendas que têm chegado de outros países.
Anos de trabalho
A notícia de que os robôs começaram a ser usados na crise do coronavírus mostra a importância de investimento constante em pesquisa e inovação. Isso ocorre porque o projeto da O2matic não surgiu com a covid-19, a infecção respiratória causada pelo vírus; na verdade, ele já existia muito antes da pandemia.
Os robôs começaram a ser desenvolvidos em 2010. O ponto de partida foi criar uma ferramenta para tratar quem sofre de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que afeta cerca de 330 milhões de pessoas no mundo. Nos anos seguintes, as máquinas passaram por melhorias e ganharam quatro diferentes protótipos; as licenças para venda na União Europeia saíram apenas em 2019.
Com a pandemia, a empresa já começou a desenvolver uma nova versão do robô, para uso domiciliar. O Innovationsfonden, fundo de inovação do governo dinamarquês, e a Fundação Christian Nielsens, entidade privada que apóia projetos de desenvolvimento industrial na Dinamarca, são os financiadores que tornaram possível à O2matic criar o robô.