A Inteligência Artificial (IA) tem se consolidado rapidamente como uma ferramenta essencial no cenário global, movendo-se rapidamente de um estágio experimental para um produto amplamente disponível para consumidores e empresas. No entanto, esse avanço tecnológico vem acompanhado de um desafio significativo: o consumo crescente de energia pelos data centers necessários para suportar a expansão da IA.
Os data centers de IA, essenciais para processar e armazenar enormes volumes de dados, consomem aproximadamente três vezes mais energia do que os data centers tradicionais. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), espera-se que até 2026, os data centers globais consumam tanta energia quanto o Japão, ou seja, cerca de 1.000 terawatt-horas. Esse aumento na demanda energética está impulsionando a busca por soluções inovadoras para garantir a sustentabilidade do crescimento tecnológico.
Uma das mais promissoras vem do estudo Advanced Space Cloud for European Net zero emission and Data sovereignty (ASCEND), coordenado pela Thales Alenia Space em nome da Comissão Europeia. O estudo propõe a implantação de data centers na órbita da Terra, aproveitando a energia solar ilimitada no espaço. Merima Dzanic, chefe de estratégia e operações da Associação Dinamarquesa da Indústria de Data Centers, ressalta que a energia é uma preocupação crucial para os data centers de IA, e a energia solar no espaço poderia oferecer uma solução viável.
O objetivo ambicioso do projeto é implantar 1,3 mil blocos de construção até 2050, alcançando uma capacidade total de 1 gigawatt. Esses data centers espaciais orbitariam a uma altitude de aproximadamente 1.400 quilômetros, três vezes a altitude da Estação Espacial Internacional (ISS). Cada bloco teria uma área de superfície de 6,3 mil metros quadrados e seria lançado num único veículo espacial.
A viabilidade técnica, econômica e ambiental dessa solução é promissora, segundo o estudo da ASCEND. Lançar data centers ao espaço não só atenderia à crescente demanda por energia, mas também reduziria a pressão sobre os recursos naturais na Terra, contribuindo para um futuro mais sustentável para a tecnologia da informação.