O mundo produz cerca de 1 milhão de garrafas plásticas por minuto, e há estimativas de que 111 milhões de toneladas de plástico devem acabar em aterros sanitários e oceanos até 2030. Que destino dar a esse gigantesco problema ambiental? A Noruega parece ter encontrado um modelo que pode inspirar o restante do planeta.
Na país, 97% das garrafas plásticas são recicladas. E não é só isso: do volume total, 92% atingem níveis tão completos de reciclagem que as garrafas voltam ao mercado, registra a revista Época Negócios. Alguns materiais chegam a ser reciclados mais de 50 vezes, e apenas 1% do plástico produzido e consumido no país acaba no meio ambiente.
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A principal responsável por esse trabalho é uma empresa chamada Infinitum, responsável pelos depósitos e galpões de reciclagem na Noruega. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, seu diretor executivo, Olav Maldum, deu detalhes da operação – e falou sobre o projeto de levar o conceito para outras regiões do planeta.
O sistema norueguês é simples. No país, há um imposto ambiental variável sobre as fabricantes de plástico. Quanto mais a empresa recicla, menor a taxa. Se a companhia reciclar mais de 95% do que produz – o que acontece com todas as empresas desde 2011 –, ela não é obrigada a pagar o imposto.
Também há incentivo para os cidadãos que depositam as garrafas no lugar correto. O valor pago varia de R$ 0,50 a R$ 1 por volume, dependendo da quantidade. As pessoas podem devolver os produtos aos estabelecimentos onde fizeram a compra ou depositar em máquinas especiais criadas pela Infinitum.
Meldum é categórico na questão. Ele argumenta que empresas do setor que conseguem realizar toda a operação logística, levando garrafas a pontos de vendas de todo o país, também podem fazer a rota contrária. Por isso, defende que essas companhias sejam responsáveis por coletar o lixo e reciclá-lo.
“Eu acredito que desenvolvemos o sistema mais eficiente e sustentável do mundo”, diz Meldum ao Guardian. Parte do sucesso do sistema se dá à aceitação do conceito dentro de toda a cadeia comercial, da indústria ao varejo.
As fabricantes de garrafinhas, por exemplo, podem usar somente uma cola aprovada pelo governo norueguês. As lojas que vendem o produto também são obrigadas a coletá-lo, ganhando um pequeno valor em cima do processo.
Não por acaso, a Infinitum tem recebido empresários e membros do poder público de diversas partes do mundo, como Índia, China, Estados Unidos, Bélgica e País de Gales. “Queremos chegar no ponto em que as pessoas percebam que estão comprando somente o produto dentro das garrafas. A embalagem é só emprestada.”