A confecção dos mapas usados pelos navios que viajam pelo Polo Norte ainda é uma tarefa essencialmente humana, demorada e de características quase artesanais. Mas, no momento, um projeto dinamarquês pretende mudar esse quadro – e entregando o trabalho para máquinas inteligentes.
A iniciativa tem sido desenvolvida em parceria entre o Instituto Meteorológico Dinamarquês, a Technical University of Denmark e a empresa Harnvig Arctic & Maritime, especializada em criar projetos de navegação pelo Ártico. A empreitada é financiada pelo Innovation Fund Denmark, instituição estatal de fomento voltada a tecnologia e inovação.
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O projeto adota soluções do chamado aprendizado da máquina (ou "machine learning"), conceito de inteligência artificial que estuda meios para que as máquinas assumam tarefas que seriam executadas por pessoas. A ideia, basicamente, é que os mapas sejam feitos com mais rapidez e precisão do que nas versões elaboradas pelos humanos.
A crescente demanda pela melhoria e agilidade dos mapas tem relação direta com o aquecimento global, como explica a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). "A redução contínua do mar do Ártico exige um modo mais eficaz de produzir informações detalhadas e ágeis sobre o gelo – e é aí que entra a inteligência artificial", escreve a agência na apresentação do projeto dinamarquês.
Batizado de Produtos Automatizados de Gelo Marinho (ou ASIP, na sigla em inglês), o projeto vai combinar imagens do satélite Copernicus Sentinel-1, da ESA, com outros dados de satélite para tornar mais precisas as informações produzidas em condições adversas, como quando há muito vento na área de passagem do navio. O ASIP vai usar um sistema de "rede neural convolucional" para gerar mapas de gelo automaticamente.
O programa de financiamento da Innovation Fund Denmark vai até 2020. Depois de concluído, o ASIP será disponibilizado gratuitamente pelo Instituto Meteorológico Dinamarquês.