Nova York pode se tornar a primeira grande cidade dos Estados Unidos a criar um "orçamento" de emissões de poluentes, a exemplo do planejamento fiscal que todo ano é preparado com as previsões de receitas e despesas. A ideia veio de longe: foi Oslo que inspirou as autoridades da maior cidade americana a desenvolver o projeto. De modo pioneiro, a capital norueguesa adotou esse modelo há três anos.
O projeto de lei deve ser apresentado nesta quarta-feira ao Conselho Municipal, como é chamada a Câmara de Vereadores de Nova York. Segundo o site HuffPost, que teve acesso a um esboço da proposta, a nova lei pretende alterar o código administrativo da cidade para exigir que a prefeitura estabeleça um orçamento de emissões de poluentes. Assim, cada órgão da administração municipal passaria a ter uma teto anual de emissões de gases de efeito estufa. Os orçamentos seriam avaliados ao fim de cada ano fiscal.
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"Isso aumenta a urgência em todos os níveis do governo e deixa claro qual é a nossa aposta", disse ao HuffPost o vereador democrata Costa Constantinides, principal defensor do clima no Legislativo da cidade. "Se não lidarmos com a crise climática, nossas comunidades não existirão mais."
Edifícios, tratamento de esgoto e veículos compõem a maior parte das emissões de poluentes do governo da cidade de Nova York, que caíram 29% na década após 2007, segundo dados do órgão da prefeitura responsável pela área de sustentabilidade. Constantinides acredita que o projeto de orçamento climático forçaria as agências da cidade a pensar sobre as emissões de poluentes o ano todo, e não apenas em manifestações como a ocorrida na última sexta-feira, quando 300 mil pessoas se reuniram para pedir ações concretas de combate ao aquecimento global. A ativista sueca Greta Thunberg fez parte da multidão.
Para o intervalo entre 2016 e 2020, Oslo, a inspiração do projeto de Nova York, prevê que suas emissões caiam 460 mil toneladas em comparação com os níveis de 2015. O declínio virá como resultado das políticas aprovadas pela cidade para o orçamento de 2017, segundo um relatório da União Europeia. Isso se deve em parte à coordenação da Agência para o Clima de Oslo, departamento criado em 2016 sob a mesma lei que promulgou o sistema de orçamento.