Como Helsinque tem se estabelecido como sinônimo de inovação

Entre as iniciativas da capital finlandesa está a criação do Maria 01, centro que reúne startups e deve se tornar o maior do gênero na Europa até 2023

03 de dezembro de 2019 5 minutos
Europeanway

Helsinque, com seus 650 mil habitantes e mais de 500 startups em operação, tem se estabelecido como sinônimo de inovação. Esse status tem sido reafirmado por iniciativas como o Global Startup Ecosystem Report, relatório da empresa Startup Genome que apresenta aqueles que devem ser os principais centro de inovação do futuro. Como destacou o Fórum Econômico Mundial, fazendo menção ao relatório, a região metropolitana da capital finlandesa está entre os centros urbanos que vão transformar a economia global nos próximos anos.

E como a cidade chegou a esse estágio? Há algumas iniciativas que têm ajudado a construir esse ecossistema. Uma delas é a Slush (foto), conferência de inovação e tecnologia criada em 2008 e que hoje, ao reunir mais de 25 mil pessoas, tornou-se um dos maiores eventos do gênero no mundo. Sua edição mais recente foi realizada nos dias 21 e 22 de novembro.

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É claro que um evento como esse só dá certo quando há um ambiente que dê a ele consistência, massa crítica. "O Slush nasceu de uma vontade genuína de estudantes que estiveram em Stanford (universidade na Califórnia que tem forte associação com as origens do Vale do Silício), gostaram do ecossistema que viram e disseram 'nós queremos fazer algo parecido na Finlândia. Você nos ajuda com isso?'", conta Timo Ahopelto, que desde 2014 preside o conselho de administração da conferência. "Se o governo tivesse tentado criar uma aceleradora, é claro que não teria dado certo."

Isso não significa que o apoio do poder público é secundário nesses esforços. Na verdade, foi graças a uma iniciativa conjunta do Ministério de Assuntos Econômicos e da Indústrias de Tecnologia da Finlândia, entidade que reúne as empresas do setor, que Helsinque ganhou em 2018 a FAIA. A aceleradora dá suporte a startups que se dedicam ao desenvolvimento de soluções em inteligência artificial, grande aposta do país em seus esforços de estímulo à inovação.

O ecossistema conta ainda com o Maria 01, campus que reúne algumas das principais startups finlandesas e que já é o maior centro do gênero em toda a Escandinávia. Construído em um prédio que abrigou um hospital no passado, o Maria 01 faz graça com essa curiosidade: seu site exibe a mensagem "hospital de nerds" e, na entrada do local, a placa "não é um hospital" reafirma características do senso de humor finlandês. O campus está em fase de ampliação. Quando as obras forem concluídas, em 2023, ele passará a ser o maior centro de reunião de startups de toda a Europa.

E há, é claro, um DNA inovador que realimenta as iniciativas. A Finlândia – que, em 2010, tornou-se o primeiro país do mundo a reconhecer a banda larga como um direito legal – é a terra natal da Nokia. A empresa, referência em tecnologia, atua hoje, entre muitas outras frentes, no desenvolvimento da telefonia 6G – e isso enquanto o 5G ainda engatinha no mundo.

“A Finlândia tem um enorme potencial para se tornar um dos países líderes na exploração dos benefícios da inteligência artificial", diz Pekka Ala-Pietilä, que chefia o grupo que elaborou um plano para o programa de inteligência artificial finlandês. "A ideia é facilitar a vida das empresas na utilização da IA e apoiar o setor público na criação de serviços digitais com base na tecnologia, seguindo os principais eventos das vida das pessoas. Queremos manter nosso país rico, nossos negócios competitivos, nosso setor público eficaz e nossa sociedade funcionando bem.”

As iniciativas apresentadas acima não explicam todo o quadro, é verdade. De qualquer forma, elas dão uma boa ideia de como Helsinque pode, de fato, como diz o Fórum Econômico Mundial, ajudar a dar o norte sobre o futuro da economia global.

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