Como a Atlas Copco tornou-se a empresa mais valiosa da Suécia

Com um elogiado modelo de gestão descentralizada, a fabricante de compressores industriais virou sinônimo de formação de líderes empresariais

14 de novembro de 2019 3 minutos
Europeanway

Ikea, H&M e Ericsson estão entre as empresas suecas mais conhecidas no mundo, o que faz supor que uma delas é também a mais valiosa do país, certo? Errado. Longe da elegância dos móveis da Ikea, do apelo fashion da H&M e da força inovadora da Ericsson, é no pouco charmoso mercado de compressores industriais que atua a Atlas Copco. Seu valor de mercado é de US$ 41 bilhões, o mais elevado entre todas as companhias listadas na Bolsa de Estocolmo. Mas como?

A Atlas Copco produz compressores, aspiradores e ferramentas elétricas para setores como semicondutores e automotivo. Com 37 mil funcionários e presença em 180 países, ela desenvolveu um sistema de gestão que tem na descentralização sua principal marca. Esse modelo é tido como a grande força da companhia: sua sede é enxuta, e a maioria das decisões são tomadas nas divisões operacionais. Todo gerente tem sua própria conta de lucros e prejuízos e é avaliado com base nesses números.

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O raciocínio de Mats Rahmstrom, o CEO da Atlas Copco, é quase revolucionário em sua simplicidade: produtos, processos e outros aspectos de uma empresa podem ser copiados, mas as pessoas, não. É por isso que a descentralização é uma vantagem competitiva, ele argumenta. "Se você pegar uma organização centralizada e disser que ela vai passar a ser descentralizada, todo mundo vai ficar um pouco perdido", afirmou ele ao jornal Financial Times.

Na Suécia, a empresa construiu a reputação de ser uma verdadeira escola de formação de altos executivos, a exemplo de um papel que a General Electric já desempenhou nos Estados Unidos. O futuro CEO da ABB e os atuais da Electrolux (eletrodomésticos), da Assa Abloy (portas e fechaduras) e da Sandvik (engenharia) têm todos em comum passagem pela Atlas Copco.

Rahmstrom conta que 85% das lideranças do grupo foram recrutadas internamente, com "a maioria da minha equipe estando aqui há 10, 20, 30 anos". Segundo ele, em vez de ter um plano de sucessão, a empresa oferece um mercado de trabalho interno no qual líderes emergentes recebem treinamento para preencher eventuais lacunas em seus currículos.

"As pessoas mais talentosas tendem a não ascender na hierarquia da Atlas Copco", diz o CEO. "As com talento e paixão é que tendem a subir." Rahmstrom admite que é mais fácil falar sobre o sistema de gestão descentralizada adotado pela companhia do que de fato adotá-lo no dia a dia, mas a empresa conseguiu colocar a teoria em prática – e virou modelo com isso.

(Foto: Atlas Copco/divulgação)

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