China e União Europeia retomam diálogo para tentar evitar escalada nas tensões comerciais

22 de julho de 2025 3 minutos
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Comemorando 50 anos de relações diplomáticas, China e União Europeia se reúne nesta semana em Pequim para discutir temas espinhosos que vão muito além da diplomacia cerimonial. O encontro, confirmado para o dia 24 de julho, será liderado pelo presidente chinês Xi Jinping, pela presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e pelo novo presidente do Conselho Europeu, António Costa. Em pauta: tarifas, competitividade industrial, segurança econômica e o futuro das relações bilaterais.

A cúpula ocorre em um momento de forte tensão comercial global, impulsionada pelas tarifas anunciadas por Donald Trump nos EUA e pela crescente disputa entre China e Europa em setores estratégicos como veículos elétricos, energia verde e tecnologias sensíveis. O bloco europeu tenta calibrar sua postura entre o princípio do livre-comércio e a necessidade de proteger sua indústria diante do avanço das exportações chinesas subsidiadas.

Do lado chinês, a estratégia é clara: diversificar parcerias e reduzir a dependência dos Estados Unidos, apostando no mercado europeu como contrapeso. Ao buscar estabilidade com a Europa, Pequim tenta não apenas proteger suas cadeias produtivas, mas também consolidar uma nova arquitetura comercial menos vulnerável à pressão externa.

No entanto, os entraves são significativos. Desde 2021, quando a União Europeia impôs sanções a autoridades chinesas por violações de direitos humanos em Xinjiang, as relações esfriaram. A China retaliou com medidas semelhantes, e o diálogo institucional ficou paralisado por quase dois anos.

Hoje, mesmo com o discurso pragmático, subsistem pontos de atrito. Bruxelas acusa a China de dumping industrial, restrição de acesso ao mercado e apoio indireto ao esforço de guerra russo. Pequim, por sua vez, critica o que chama de “protecionismo verde” europeu e recusa qualquer ingerência sobre sua soberania ou modelo de desenvolvimento.

A visita à capital chinesa marca um novo teste para a diplomacia econômica europeia. A presidente Ursula von der Leyen tem buscado uma política de “redução de riscos” (de-risking) com relação à China, buscando não romper os laços, mas reequilibrar a dependência. A missão, contudo, é complexa: enquanto pressiona por abertura comercial e transparência regulatória, a Europa não pode abrir mão da estabilidade econômica que o comércio com a China ainda garante.

Segundo dados recentes da Comissão Europeia, a China é hoje o segundo maior parceiro comercial da UE, atrás apenas dos EUA. Em 2023, o comércio bilateral ultrapassou 700 bilhões de euros, mas com forte déficit para o lado europeu. Uma das prioridades do encontro é justamente buscar reequilíbrio nas trocas e evitar uma escalada de investigações e tarifas que comprometa setores como vinhos, carros elétricos, produtos médicos e terras raras.

A celebração dos 50 anos, portanto, está longe de ser apenas um gesto simbólico. Em um mundo cada vez mais polarizado, a capacidade de China e Europa de manterem um canal de diálogo aberto, mesmo diante de interesses conflitantes, pode ser decisiva para os rumos do comércio global.

 

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