"Bunker do apocalipse", na Noruega, está ameaçado pelas mudanças climáticas

Aquecimento do planeta pode começar a descongelar o solo que protege as sementes guardadas no local; material servirá para repovoar a Terra em caso de uma catástrofe global

11 de fevereiro de 2019 3 minutos
Europeanway

O Silo Internacional de Sementes da Svalbard, na Noruega, também chamado de "bunker do apocalipse", foi concebido para armazenar exemplares das sementes mais importantes do mundo, que podem ser usadas para repovoar a Terra em caso de uma catástrofe global. No entanto, em uma amarga ironia, o local, inaugurado em 2008, está ameaçado por causa dos efeitos das mudanças climáticas no planeta.

O edifício, que fica no arquipélago ártico de Svalbard, conserva as sementes a uma temperatura de -18ºC por meio de um sistema elétrico. Se o sistema falhar, as sementes não serão perdidas, já que podem ser mantidas pelo pergelissolo (ou "permafrost"), o solo permanentemente congelado do polo norte. O problema é que esse gelo começou a derreter.

O alerta foi dado pelo governo norueguês, que, ao lado de Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia, responsabilizou-se pela construção do bunker. Em um relatório que antevê o clima no arquipélago até ao fim deste século, os cientistas preveem que a temperatura possa aumentar até 10ºC se o lançamento na atmosfera de gases que geram o efeito de estufa for “minimamente contido” ou até 7ºC caso haja “um corte significativo” nessas emissões, informa o jornal português Observador.

O aumento das temperaturas na localidade de Longyearbyen, a pouco mais de 1.100 quilômetros do polo norte, vai descongelar o permafrost, solo formado por terra, gelo e rochas. Se isso ocorrer, o solo gelado que ajuda a manter as sementes vai transformar-se em lama. Com isso, o metano e o dióxido de carbono que se mantêm presos no gelo serão libertados para a atmosfera, agravando ainda mais as condições climáticas.

E isso já começou a acontecer. De acordo com o relatório, “a temperatura do ar em Svalbard aumentou de 3ºC a 5°C nas últimas quatro a cinco décadas”. O inverno trouxe chuvas fortes, os fiordes já não têm gelo durante a maior parte do ano e o solo esquentou “consideravelmente”, segundo o documento. Tudo isso provocou uma série de avalanches em Longyearbyen e nas áreas próximas.

Se o quadro se agravar, podem ocorrer inundações em torno do bunker. No futuro, a previsão é de chuvas cada vez mais frequentes e intensas, com períodos de neve mais curtos e avalanches tornando-se mais comuns. De acordo com o governo da Noruega, esses cenários serão mais prováveis a partir de 2071. Ainda assim, sublinha o relatório, as alterações climáticas já provocaram grandes danos a Svalbard nos últimos 50 anos.

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