Brasil retoma protagonismo e parceria com europeus na agenda ambiental global

10 de novembro de 2022 3 minutos
Europeanway

Após anos de problemas – com impactos econômicos e sociais -, o Brasil volta a buscar o protagonismo na agenda ambiental global. Em parceria com países europeus, o país pretende retomar uma série de ações, capitaneadas pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que em sua campanha prometeu unir sustentabilidade ao desenvolvimento e reforçar as parcerias internacionais neste tema.

O anúncio de que Lula iria à COP27 no Egito, como primeira viagem internacional após sua eleição, foi carregada de simbolismos e contrastou com o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que em todo o seu mandato foi contestado pelo aumento do desmatamento na Amazônia e pela falta de fiscalização ambiental, que levou consumidores europeus a pregarem o boicote de produtos brasileiros.

Com seu discurso de campanha, Lula já conseguiu destravar o Fundo Amazônia, com doações de países europeus – em especial as nações nórdicas. A retomada deste fundo, que estava parado desde abril de 2019 quando Bolsonaro extinguiu o Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), foi anunciado pelo ministro do Clima e do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, que justificou: “Lula defendeu consistentemente a Amazônia e as pessoas que vivem lá durante toda a campanha e no discurso de vitória”; e, portanto, “a Noruega espera discutir como podemos apoiar esta nova administração nessas questões”.

E a equipe de transição do petista já indicou que pretende ampliar este mecanismo de financiamento de conservação a práticas saudáveis a outras nações da região, o que seria facilitado pelo fato de que, também de forma inédita, a quase totalidade dos países amazônicos serem administrados por governos aliados, de esquerda.

Em entrevista à rede alemã Deutsche Welle, a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, entende que “a presença do Lula [na COP] é um sinal muito positivo, sinal de um país que se volta para o mundo depois de anos como pária”. Na mesma linha, Carlos Rittl, especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation, justifica a imagem do Brasil como pária com base no isolamento internacional do Brasil de Bolsonaro: “Foram quatro anos não só de abandono, mas de uma guerra declarada contra a agenda ambiental e climática, contra os povos indígenas, a Amazônia, contra as próprias agências federais que cuidam do meio ambiente”.

Além disso, há mais chances da conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. O presidente eleito prometeu, durante a campanha eleitoral, que o acordo seria fechado ainda no primeiro semestre de 2023. Atualmente, ele está estagnado justamente por conta da política ambiental do governo Bolsonaro e, com a eleição de Lula, há uma perspectiva de avanço também da parte dos europeus, que reconhecem os compromissos do presidente eleito com o meio ambiente.

Em alguns pontos destacados pelo presidente eleito em seu discurso de vitória, como o monitoramento dos biomas, o desmatamento zero na Amazônia, o investimento em economia verde digital e as parcerias com entidades socioambientais.

O mandato do presidente Jair Bolsonaro ficou marcado, entre muitos outros problemas, por um retrocesso ímpar na agenda ambiental, sob responsabilidade de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, e Joaquim Leite, atual ministro da pasta. O avanço do desmatamento e das queimadas projetou uma imagem do Brasil no exterior extremamente desgastada, que foi criticada por líderes como o presidente da França, Emmanuel Macron.

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