
O European Day 2025 começou com uma mensagem direta do governo brasileiro sobre o futuro das relações comerciais entre Mercosul e União Europeia. Primeiro palestrante externo do evento, o Ministro-Conselheiro da Missão do Brasil junto à União Europeia, Elias Antônio de Luna e Almeida Santos, destacou que o acordo entre os dois blocos está finalizado e pronto para ratificação.
“Não há mais questões substantivas pendentes. O acordo que temos agora é definitivo”, afirmou Elias. Segundo ele, o processo atual está concentrado na chamada revisão legal — ou legal scrubbing — e na tradução do documento para os idiomas oficiais da União Europeia. “O trabalho está bastante avançado, com base no texto aprovado em princípio em 2019.”
O diplomata lembrou que, embora o debate sobre a ratificação esteja mais visível na Europa, o processo também precisa ocorrer no Brasil e nos demais países do Mercosul. “Há amplo apoio político ao acordo no Congresso Nacional e entre os parceiros do bloco, apesar de algumas preocupações setoriais, especialmente em relação a políticas europeias que podem afetar o comércio”, observou.
Elias também detalhou a fase final das negociações, entre 2023 e 2024, que resultou na inclusão de novos elementos no acordo. “Houve uma convergência de interesses. A União Europeia quis adicionar um instrumento específico sobre desenvolvimento sustentável. E o Mercosul, por sua vez, viu a oportunidade de incorporar sua própria perspectiva sobre o tema e garantir espaço para políticas de desenvolvimento e industrialização.”
Entre os avanços, o Ministro-Conselheiro citou o reconhecimento das três dimensões da sustentabilidade — ambiental, social e econômica — e a inclusão de temas como bioeconomia, combate à pobreza e segurança alimentar. “Essas foram prioridades do Brasil também durante sua presidência do G20”, lembrou.
Na parte final da fala, o representante brasileiro destacou o caráter estratégico do acordo. “Ele tem potencial para diversificar as exportações do Brasil, que hoje ainda são concentradas em commodities e destinadas majoritariamente à Ásia. A União Europeia representa atualmente entre 13% e 15% do nosso comércio exterior — podemos e devemos ampliar esse espaço.”
Segundo Elias, o acordo também fortalece o Mercosul como plataforma de inserção internacional e contribui para consolidar a política de abertura comercial brasileira. “Falamos muito de política fiscal e monetária, mas política comercial também é pilar de responsabilidade econômica. E esse acordo sinaliza claramente nosso compromisso com um sistema internacional baseado em regras”, concluiu.