Pense em uma bolsa de valores de sucesso que consegue tanto atrair companhias interessadas em abrir seu capital como investidores em geral interessados em montar uma carteira consistente de ações.
New York Stock Exchange? Nasdaq? London Stock Exchange? Ou talvez as bolsas de Shanghai, Tóquio ou Hong-Kong?
Estamos falando da bolsa de Estocolmo, situada em um modesto 12o. no ranking das maiores congêneres do mundo, atrás de todas as citadas acima.
Enquanto várias daquelas casas se esforçam para realizar novas listagens e se preocupam com a queda nos valores negociados em seus pregões, Estocolmo tem apresentado um ótimo desempenho, conseguindo motivar pequenas e médias empresas escandinavas a fazerem seus IPOs na própria região.
Seu principal índice subiu 85% ao longo da última década. No mesmo período o índice Euro Stoxx 600 (que inclui ações de 600 empresas listadas em dezessete bolsas europeias, inclusive a da Suécia) avançou 49%. Já o FTSE 100 de Londres cresceu apenas 17%.
O sucesso não é coincidência, pois a Suécia há anos vem se mobilizando para convencer empresas e investidores de que é possível fazer bons negócios sem ter que se aventurar em outros mercados, garantindo regras que inspirem confiança.
Além disso, a cultura do país (e também dos vizinhos nórdicos) de ensinar seus habitantes a poupar e se preparar para o futuro somada a um permanente ambiente de confiança no mercado criou um ecossistema que motiva empresas, pequenos investidores pessoa física e também os fundos de pensão da região.
Nos últimos 10 anos, 501 empresas foram listadas na Suécia, mais do que o número total de IPOs em França, Alemanha, Países Baixos e Espanha juntos, segundo dados da consultoria Dealogic divulgados pelo jornal inglês Financial Times (Londres vem à frente com 765 IPOs).
Para Estocolmo, a prioridade é trazer para seus domínios empresas escandinavas de menor porte confiantes em seu potencial de crescimento e na estabilidade do mercado regional. Por isso mesmo, os volumes gerados nessas aberturas de capital são bastante inferiores aos das novas listagens feitas os Estados Unidos.
Adam Kostyál, presidente da bolsa de Estocolmo, exemplifica: cerca de 90% dos IPOs acabam vindo a mercado com valor inferior a um bilhão de dólares.
Relatório da PwC de março último indica que “neste início de 2024 há um otimismo cauteloso em todos os países nórdicos de que os mercados de IPO irão se recuperar (houve 10 IPOs em Estocolmo no ano passado)”. E sinaliza: “Os bancos centrais comunicaram que a inflação e as taxas de juros neste momento atingiram o seu pico, a volatilidade permanece baixa e as avaliações persistem num nível elevado. Além disso, o pipeline de empresas que visam um IPO está crescendo”.