Bodo, na Noruega, é eleita a capital cultural da Europa para 2024

Cidade é a primeira localizada no Ártico a alcançar esse status, que deve atrair holofotes, investimentos e, claro, mais turistas

26 de setembro de 2019 5 minutos
Europeanway

Bodø, na Noruega, acaba de ser escolhida como a Capital Europeia da Cultura para o ano de 2024, o que faz dela a primeira cidade localizada acima do Círculo Polar Ártico a receber a distinção. Na lista final, a representante norueguesa derrotou Mostar e Banja Luka, ambas localizadas em Bósnia e Herzegovina.

"Nós estamos incrivelmente felizes hoje", disse nesta quarta-feira a prefeita Ida Pinnerød, em declaração dada à emissora estatal NRK. "O ano de 2024 será inesquecível." Esta será a terceira vez que uma cidade norueguesa será coroada como Capital Europeia da Cultura. Antes de Bodø, as eleitas foram Bergen (2000) e Stavanger (2008).

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A eleição foi criada em 1985 a partir de uma ideia de Melina Mercouri, então ministra da Cultura da Grécia. Entre os seus principais objetivos estão promover a diversidade cultural na Europa, destacar as características que os países compartilham e utilizar a cultura como um instrumento de desenvolvimento das cidades a longo prazo. Nessas mais de três décadas, a escolha da Capital Europeia da Cultura tornou-se um dos projetos culturais mais ambiciosos do continente e uma das atividades mais conhecidas e populares da União Europeia.

A escolha das finalistas é feita por um comitê composto por dez especialistas independentes, indicados pelo Parlamento Europeu, pelo Conselho Europeu, pela Comissão Europeia e pelo Comitê das Regiões. O processo de seleção tem duas etapas: uma pré-seleção, após a qual a lista de candidatas é oficializada, e uma rodada final de escolha, nove meses depois, quando uma cidade é recomendada para o título.

Bodø, de pouco mais de 50 mil habitantes, é uma espécie de capital regional do condado de Nordland. O turismo na cidade cresceu bastante nos últimos anos. Localizada em uma faixa do território norueguês entre montanhas e o oceano, Bodø atrai visitantes especialmente por causa de suas belezas naturais, com trilhas, safaris e aurora boreal. Passeios de barco até o redemoinho de Saltstraumen, considerado a corrente marítima mais forte do mundo, são especialmente populares.

Embora muitos projetos culturais estejam planejados para 2024, parte do apelo da candidatura apresentada pelo município foram os investimentos culturais que já foram feitos. A nova biblioteca e o centro cultural de Bodø, por exemplo, ambos inaugurados recentemente, serão centrais para muitas das atividades planejadas.

Um diferencial importante na candidatura de Bodø foi o projeto para aumentar o uso das línguas lapônicas. Os lapões, ou Sámi, são os povos norte da Escandinávia, que estão espalhados entre áreas de Noruega, Suécia e Finlândia – a até têm seus próprios parlamentos nesses três países.

Como Capital Europeia da Cultura, a cidade pretende fazer fortes investimentos na preservação do sámi do norte – a mais utilizada entre as línguas lapônicas e que é também um dos idiomas oficiais da Noruega – e na preservação de outros elementos da cultura dos lapões. O projeto prevê criar um "fenômeno da cultura pop", espalhando elementos Sámi na arte de rua, camisetas e itens do cotidiano.

O curioso é que a candidatura de Bodø encontrou resistência do governo norueguês. A ministra da Cultura da Noruega, Trine Skei Grande, aconselhou Bodø a não se inscrever, argumentando que a cidade ainda levaria muitos anos até ficar em condições de vencer. A ministra também recusou um pedido de apoio ao projeto equivalente a US$ 11 milhões.

A equipe por trás da candidatura decidiu seguir em frente, de forma independente. O apoio financeiro veio de outras fontes, entre elas a empresa de energia municipal Bodø Energi, que se comprometeu com um aporte de US$ 2,5 milhões. O orçamento total de US$ 33,2 milhões ainda exigirá apoio substancial das empresas locais, embora a prefeita de Bodø tenha dito que o Estado mudou de ideia, passando a apoiar o projeto financeiramente.

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