Aproximação UE-América Latina esbarra em percepção equivocada dos europeus, mas momento é estratégico

23 de novembro de 2023 2 minutos
Europeanway

Europeus possuem uma percepção sobre a América Latina que pode ocultar a sua real importância para a relação entre os dois blocos. É o que afirma um estudo feito pelo Real Instituto Elcano, um think-thank espanhol que vem trabalhando em prol de uma diversificação e ampliação das relações comerciais com os latino-americanos, dentro do contexto da presidência da Espanha no Conselho da UE.

Intitulado “Por que a América Latina é importante?”, o estudo tem essa percepção como ponto de partida, sobre o qual se debruçaram acadêmicos, empresários e políticos europeus.

O entendimento que impera, segundo o presidente do Real Instituto Elcano, José Juan Ruiz, é o de que a América Latina é um desastre político e econômico, e ainda trouxe desvalorização e prejuízos para as empresas europeias que lá investiram.

Em contraponto, Ruiz argumenta que, embora a América Latina não tenha alcançado patamares econômicos de países desenvolvidos, o mesmo aconteceu com outros países emergentes e nas mesmas condições – com exceção óbvia da China.

Além disso, o presidente do Real Instituto Elcano destaca que a América Latina é o único bloco que busca crescimento e desenvolvimento a partir de premissas democráticas, diferentemente dos países árabes ou do sudeste asiático.

Pondera, por fim, que os latino-americanos têm, sim, problemas e questões a serem resolvidas nos âmbitos político e econômico, mas que a região é grande, diversa e com muitas possibilidades de negócio.

Momento é estratégico e decisivo

Uma outra questão nutrida pelo consenso geral dos europeus é a de que, “abandonada” pelos EUA, a Europa vê o vácuo deixado pelos norte-americanos ocupado pela China. Essa mudança de paradigmas, segundo Ruiz, é também indício de que o momento é crucial para uma aproximação com a América Latina.

Do outro lado do Atlântico, a Argentina recém elegeu seu novo presidente, o ultraconservador Javier Milei, cujo projeto para o país platino ainda é uma incógnita para os outros atores da região.

Tais incertezas parecem pintar um novo quadro na demanda entre um acordo entre União Europeia e Mercosul. Em 20 de novembro último, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, telefonou para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para tratar de um acordo bilateral que envolva os dois blocos.

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