
A crescente preocupação com a segurança digital na Europa tem colocado aplicativos populares como TikTok e Strava no centro de debates sobre privacidade e riscos estratégicos. Autoridades europeias vêm adotando medidas mais rígidas para lidar com possíveis ameaças relacionadas ao uso dessas plataformas, especialmente no que diz respeito à proteção de dados sensíveis e à segurança nacional.
O TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos da ByteDance, já foi banido de dispositivos institucionais da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e do Conselho da UE. A medida, adotada em 2023, reflete temores de que os dados dos usuários possam ser acessados pelo governo chinês — o que é reforçado por uma lei de 2017 na China que obriga empresas a cooperarem com autoridades de inteligência. A empresa nega qualquer envolvimento com espionagem, mas os questionamentos persistem, inclusive em outros países da OTAN.
O Strava, usado para monitorar corridas, caminhadas e outras atividades físicas, virou um caso emblemático de risco à segurança por causa da geolocalização. Em 2024, uma investigação do jornal francês Le Monde mostrou que agentes do Serviço Secreto dos EUA, responsáveis pela proteção do presidente Joe Biden e outros líderes mundiais, utilizavam o aplicativo com dados públicos. O resultado: rotas e padrões de movimentação tornaram-se visíveis. Episódios semelhantes foram registrados envolvendo a segurança de presidentes da França e da Rússia, revelando uma falha grave de protocolo.
Esses casos ampliam o debate sobre a necessidade de controle e conscientização no uso de tecnologias que coletam dados pessoais. Especialistas alertam que, além de decisões institucionais, é preciso preparar profissionais para lidar com ferramentas digitais de forma segura — especialmente aqueles que atuam em áreas sensíveis, como defesa, diplomacia e inteligência.
A questão é também geopolítica. A União Europeia vem buscando reduzir sua dependência digital de fornecedores estrangeiros, sobretudo da China e dos Estados Unidos, por entender que o fluxo irrestrito de dados pode comprometer a soberania digital do bloco. A regulação é um dos pilares dessa estratégia — e inclui tanto a aplicação do RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados) quanto novas propostas para fortalecer a cibersegurança em tempos de guerra de informação.