Alemanha lança plano para reduzir população de sem-teto até 2030

15 de maio de 2024 3 minutos
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Estima-se que de 375 mil a 600 mil pessoas estejam em situação de rua na Alemanha, uma realidade que o governo federal pretende transformar até 2030 com um novo plano de ação. Embora entidades vejam a iniciativa com bons olhos, consideram-na pouco ambiciosa, segundo reportagem online da emissora alemã Deutsche Welle (DW).

Dirk Dymarski, que viveu como sem-teto por duas décadas, agora integra a equipe do Freistätter Online Zeitung, um jornal local escrito por moradores de rua na pequena cidade de Freistatt, na Baixa Saxônia. Dymarski também é membro da Selbstvertretung Wohnungsloser Menschen (“Organização para Pessoas Sem-teto”), que busca dar voz política aos sem-teto na Alemanha. Ele destaca que o maior obstáculo para essas pessoas é o estigma. “Quando se quer sair da rua e encontrar um lugar acessível para morar, a primeira pergunta que lhe fazem é ‘onde você mora atualmente?’. Se você disser que mora em um abrigo, você será rapidamente descartado.”

A falta de moradias acessíveis agravou-se nos últimos anos. O governo estima haver 375 mil pessoas sem-teto, enquanto o grupo de trabalho federal de assistência aos sem-teto (BAG-W) calcula cerca de 600 mil, incluindo 50 mil que vivem nas ruas. As autoridades são obrigadas a fornecer abrigos, mas muitos preferem permanecer na rua devido à falta de privacidade e segurança nesses locais.

Em resposta, o governo lançou em abril um plano de ação para acabar com a falta de moradia até 2030, sendo o primeiro governo federal a criar uma estratégia específica para isso. A estratégia de 31 pontos do Ministério da Habitação, Desenvolvimento Urbano e Obras inclui propostas como liberar verbas para construção de moradias populares, combater a discriminação no setor imobiliário, e melhorar o acesso a serviços de aconselhamento e planos de saúde.

“Criar mais locais de residência com preços acessíveis é algo que está no centro da luta contra a falta moradia,” afirmou a ministra da Habitação, Klara Geywitz. As entidades que lidam com os sem-teto, consultadas na elaboração da estratégia, veem o plano como um primeiro passo. No entanto, Dymarski e seus colegas consideram o plano vago e incompleto.

Corinna Müncho, diretora do projeto Housing First em Berlim, compartilha dessa visão crítica. Ela destaca que as autoridades estaduais e municipais ainda não sabem como implementar o plano. Müncho enfatiza a gravidade de viver nas ruas, comparando-a a estar em guerra, devido ao constante estado de alerta e à falta de privacidade.

Lars Schäfer, da organização de caridade Diakonie, vê o plano de ação como uma coleção de medidas já acordadas, sem grandes mudanças na lei ou investimentos significativos. Ele sugere medidas concretas, como cotas para sem-teto nas novas moradias sociais, que poderiam ser adotadas, mas foram ignoradas no plano.

Para Müncho, o problema não é apenas a falta de recursos, mas a eficiência na sua aplicação. Ela aponta que os custos das acomodações de emergência são extremamente altos para um padrão muito baixo, sugerindo que o dinheiro poderia ser melhor empregado.

Atualmente, muitas pessoas acabam vivendo nos abrigos públicos por anos, uma situação que o novo plano do governo federal pretende enfrentar. No entanto, para os ativistas, o plano ainda é insuficiente e representa pouco mais que uma intenção de mudança, conforme reportado pela DW.

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