Alemanha enfrenta estagnação econômica e risco de mais perdas industriais em 2024

10 de outubro de 2024 4 minutos
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A economia da Alemanha, a maior da Europa, está à beira de uma estagnação em 2024, em um cenário que reflete os desafios estruturais e as pressões globais enfrentadas pelo país. O governo alemão está prestes a cortar sua previsão de crescimento, que já era modesta, de 0,3% para zero, segundo informações da Bloomberg. Essa revisão negativa reforça a difícil situação da economia alemã, que tem sido prejudicada por uma série de problemas internos e externos.

A crise industrial, que se agrava desde a invasão da Ucrânia, paralisou parte da cadeia de suprimentos de gás da Alemanha, afetando de maneira profunda seu setor manufatureiro, que é tradicionalmente a espinha dorsal de sua economia. A dependência do gás russo e a pressão para diversificar as fontes de energia, ao mesmo tempo em que se transita para uma economia mais verde, têm sobrecarregado empresas de todos os setores. Além disso, a demanda fraca da China, um dos principais parceiros comerciais da Alemanha, prejudica ainda mais o crescimento industrial, especialmente no setor automotivo, que enfrenta uma transição desafiadora para os veículos elétricos (EVs).

A desaceleração industrial tem efeitos devastadores e grandes empresas começam a rever suas operações. A Volkswagen, um dos símbolos do poderio industrial alemão, sinalizou que pode fechar fábricas no país, enquanto a Intel ameaça adiar um investimento bilionário. A fabricante de chips anunciou a possível postergação de €30 bilhões (US$ 33,5 bilhões) para a construção de uma nova fábrica no leste da Alemanha, um revés que pode enfraquecer ainda mais a posição do país no mercado tecnológico global. A decisão da Intel reflete uma combinação de altos custos energéticos, incerteza regulatória e a necessidade de rever planos em um cenário econômico que não oferece perspectivas claras de melhora.

O impacto dessas decisões vai além das perdas econômicas diretas. A ameaça de fechamento de fábricas pela Volkswagen, somada à possível retirada de investimentos da Intel, destaca a crescente falta de confiança das indústrias em continuar expandindo ou mantendo suas operações em território alemão. Esses movimentos podem desencadear uma reação em cadeia, com outras empresas reconsiderando sua presença no país, alimentando um ciclo de retração econômica e aumento do desemprego.

Para o chanceler Olaf Scholz, que assumiu o cargo em dezembro de 2021, a estagnação econômica é um golpe político severo. Desde que assumiu, a Alemanha não conseguiu registrar crescimento econômico por dois trimestres consecutivos. A perspectiva de um 2024 sem crescimento não só minaria as promessas de recuperação, mas também poderia impactar diretamente suas chances nas urnas. Com as eleições nacionais marcadas para daqui a menos de um ano, Scholz enfrenta uma janela cada vez menor para estimular qualquer recuperação significativa antes de enfrentar o descontentamento dos eleitores.

O fracasso em gerar crescimento econômico também alimenta um sentimento de frustração entre os eleitores, particularmente nas regiões do leste, que já expressaram seu descontentamento nas eleições para o Parlamento Europeu e nas disputas estaduais. O cenário de estagnação pode aumentar a pressão política sobre o governo de coalizão de Scholz, forçando uma resposta mais contundente à crise econômica e uma reavaliação de suas políticas industriais e energéticas.

Embora a previsão de crescimento zero para 2024 seja alarmante, o cenário pode piorar. Dados industriais que ainda estão por vir podem revelar um quadro ainda mais sombrio, sugerindo que a Alemanha está caminhando para um período prolongado de estagnação. A combinação de ventos contrários industriais, incertezas no comércio global e desafios na transição energética coloca o país em uma posição vulnerável.

 

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