Alemanha enfrenta dilemas em relação ao álcool

30 de julho de 2024 3 minutos
Europeanway

A cultura alemã tem a cerveja e o vinho, dois produtos largamente produzidos e consumidos no país, como elementos da vida cotidiana. No entanto, o país enfrenta um desafio crescente: levantamentos apontam que 1,6 milhão de pessoas fazem uso abusivo ou são dependentes de bebidas alcoólicas.

Entre a população adulta 84,7% se dizem adeptos em alguma medida de fermentados ou destilados.
Conhecida influenciadora nas redes sociais do país, Toyah Diebel têm chamado a atenção para os perigos do consumo precoce, defendendo mudanças nas normas sociais e legais. Ela acha que o cenário atual precisa mudar isso precisa mudar, e então ela começou mudando a si mesma. Em novembro de 2018, ela abandonou o álcool e enviou uma mensagem para seus mais de centenas de milhares de seguidores: “Álcool simplesmente não é uma coisa boa! O álcool é uma droga. Pode ser legal, mas isso não o torna menos perigoso”, disse ela à TV pública alemã Deutsche Welle.

Influenciadora Toyah Diebel

Atualmente, jovens de 18 anos podem comprar qualquer bebida alcoólica, enquanto aqueles entre 16 e 17 anos podem consumir cerveja e vinho. Jovens a partir de 14 anos podem beber cerveja se acompanhados pelos pais. No entanto, o Ministro da Saúde, Karl Lauterbach, propõe a proibição desse consumo acompanhado, citando riscos à saúde dos adolescentes.

A proposta de Lauterbach encontra resistência, especialmente da União Democrata Cristã (CDU), que acredita que o consumo acompanhado ajuda os jovens a lidar com o álcool de forma responsável. O Comissário do Governo para Questões de Dependência e Drogas, Burkhard Blienert, argumenta que é hora de abolir essa prática, considerando-a negligente e ultrapassada.

Estima-se que os custos diretos e indiretos de doenças geradas pelo consumo de álcool na Alemanha cheguem, a cada ano, a 40 bilhões de euros por ano e que as mortes relacionadas ao problema superem 60.000.

Estudos liderados por Rainer Thomasius, do Hospital Universitário Hamburg-Eppendorf, mostram que uma em cada nove pessoas entre 12 e 17 anos apresentam um consumo excessivo. Thomasius alerta para os riscos de começar a beber cedo, que incluem maiores chances de vício e problemas de saúde mental.

Jovens alemãs na Oktoberfest

“É sabido e bem documentado há muitos anos que o início precoce do uso de álcool na adolescência é um fator de risco muito alto, induzindo a um consumo regular de bebidas mais tarde, na idade adulta”, destaca Thomasius. “Aqueles que começam a beber desde cedo têm uma probabilidade significativamente maior de se tornarem dependentes com o passar do tempo.”

Em torno de 1,5 milhão de pessoas na Alemanha precisaram de atendimento médico em razão do abuso de álcool em 2022. Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisas sobre o Sistema de Saúde da companhia de seguros Barmer, 1,058 milhão de homens e 467 mil mulheres foram atendidos em hospitais ou em ambulâncias por motivos associados ao consumo excessivo de bebidas.

Rainer Thomasius sugere aumentar a idade mínima para consumo de álcool e aplicar impostos mais altos às bebidas alcoólicas para desincentivar o consumo. A influenciadora Toyah Diebel defende a proibição da publicidade desses produtos e uma maior regulamentação para combater o que considera lobby poderoso da indústria do setor.

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