Acordo Mercosul-UE é destaque em primeira viagem internacional do novo governo Lula

24 de janeiro de 2023 4 minutos
Europeanway

A primeira viagem internacional do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que iniciou sua volta ao debate internacional pela Argentina, não foi carregada apenas de simbolismo. Em Buenos Aires foram tratados temas relevantes para a região, entre eles a celebração do acordo entre Mercosul e União Europeia.

A defesa de uma parceria com os europeus faz parte da visão de Lula, que reafirmou um papel estratégico da América Latina no cenário mundial. No documento firmado pelo brasileiro e o argentino Alberto Fernández, ambos reafirmam o compromisso neste acordo com os europeus. “(Os presidentes) ratificaram o compromisso de trabalhar nos assuntos pendentes da negociação do Mercosul com a União Europeia (UE) com vistas a assegurar um equilíbrio das negociações que leve em conta as fortes assimetrias entre os blocos, e promover assim o desenvolvimento econômico e social de todos os países envolvidos”, afirmou.

O documento afirma que os presidentes “a pontaram também a necessidade de continuar a contar com um diálogo frutífero e com instrumentos de cooperação econômica efetiva para evitar que as iniciativas em curso da UE, em particular no âmbito do Pacto Verde e dos novos compromissos em matéria de sustentabilidade ambiental, afetem negativamente os equilíbrios necessários para aumentar o bem-estar econômico e social de ambos os blocos”.

A prioridade no acordo UE-Mercosul não é apenas política. Empresários brasileiros e argentinos colocaram o tema como fundamental para o avanço da economia dos países.

“Entre as ações prioritárias estão a necessidade de acelerar o processo de negociações externas com mercados estratégicos à indústria, como o avanço na conclusão formal do Acordo União Europeia-Mercosul; a eliminação de barreiras comerciais e o progresso na implementação de iniciativas de convergência e cooperação regulatória; a colaboração bilateral em direção a uma economia de baixo carbono; a promoção de investimentos para estimular o fornecimento de energia, infraestrutura e conectividade entre os dois países e na região; e a celebração do protocolo de facilitação do comércio e desburocratização”, afirmou documento assinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere argentina, a União Industrial Argentina (UIA)

Na avaliação do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, é preciso adotar um conjunto de medidas que contribuam para ampliar o estimular suas indústrias e ampliar o intercâmbio entre os dois países. Andrade destacou que os governos dos países devem evoluir em agendas como as de facilitação de comércio , de redução da burocracia e de comércio exterior, por exemplo, pelo avanço na formalização do Acordo Mercosul-União Europeia.

“Com políticas adequadas e iniciativas conjuntas eficazes, teremos integração econômica e regional mais consistente e estável, que estimule o crescimento duradouro e sustentável dos nossos países. Brasil e Argentina precisam estimular ainda mais as suas indústrias e aprofundar as relações bilaterais e a integração regional no Mercosul”, disse Andrade, que participou do encontro entre empresários com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, em Buenos Aires.

E,enquanto o presidente Lula tratava do destravamento do acordo com a União Europeia, o vice-presidente e presidente em exercício o Brasil, Geraldo Alckmin, teve agenda com vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. No encontro, Alckmin falou com o representante europeu sobre a necessidade de intensificar as relações entre o Brasil e a Europa.

Fundamental para a economia brasileira e de todos os países do Mercosul, o acordo de livre comércio entre os países do bloco econômico europeu e os países da América do Sul integrantes do Mercosul, esteve na agenda de Alckmin e Timmermans. Ainda sob o mandato de Jair Bolsonaro, as negociações entre as nações foram concluídas em 2019, mas não progrediram para além disso.

De acordo com as informações oficiais, o acordo fechado representa cerca de 25% da economia mundial. O texto prevê que mais de 90% dos produtos – sejam do Mercosul ou da União Europeia –, não serão mais onerados pelas tarifas de importação.

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