A Suécia precisa investir mais em defesa – e quem vai pagar são os bancos

Com o aumento das preocupações com a presença russa na Escandinávia, os suecos já retomaram o serviço militar obrigatório

09 de setembro de 2019 3 minutos
Europeanway

Em um cenário de aumento das tensões com a Rússia, o governo da Suécia constatou que precisa aumentar seus investimentos na área de defesa. E como levantar recursos para esse programa de aumento do orçamento militar? Com um imposto especial, que será cobrado dos bancos do país.

"Os quatro maiores bancos registraram lucro de 112 bilhões de coroas (R$ 47 bilhões) no ano passado. Eles devem participar do fortalecimento da capacidade defensiva do país", disse recentemente o ministro da Defesa sueco, Peter Hultqvist, que não revelou detalhes sobre o futuro imposto.

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O governo quer elevar o orçamento militar para 5 bilhões de coroas (R$ 2,1 bilhões) ao ano para o período entre 2022 e 2025. No Parlamento, os Sociais-Democratas e o Partido Verde já chegaram a um acordo com os partidos de Centro e Liberal para que esse aumento seja confirmado.

As Forças Armadas da Suécia têm passado por constantes cortes orçamentários desde o início da década de 90, quando a Guerra Fria acabou. No entanto, a partir de 2014, ano em que a Crimeia foi anexada à Rússia, uma série de episódios envolvendo os russos tem preocupado não apenas os suecos, mas também seus vizinhos nórdicos. Houve relatos da presença de um submarino ao que tudo indica russo em águas marítimas suecas, de invasão do espaço aéreo da Finlândia pelos russos em mais de uma oportunidade e até a descoberta neste ano de uma baleia beluga nadando na costa da Noruega com equipamento de espionagem russo.

No último mês de julho, o governo sueco instalou um novo sistema de defesa antiaérea na Gotlândia, a maior ilha do país e do Mar Báltico, para a qual enviou um regimento em 2018. Depois de retomar o serviço militar obrigatório no ano passado, o país vai aumentar de 4 mil para 5 mil o número de recrutas convocados a partir de 2020.

Além disso, o governo distribuiu no ano passado instruções a milhões de suecos sobre como proceder no caso de um conflito repentino, uma medida que não era tomada havia décadas. A ideia era preparar o país para um estado de "defesa total" caso esse quadro venha de fato a se concretizar.

Apenas para efeito de comparação com a iniciativa sueca, os quatro maiores bancos brasileiros com ações negociadas em bolsa – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – lucraram, juntos, R$ 69 bilhões, o maior valor da história. Por falta de recursos, o Exército brasileiro decidiu suspender o expediente às segunda-feiras do mês de setembro, uma medida que pretende economizar R$ 2 milhões em cada um dos dias de folga.

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